No Relatório Anual de Actividades 2024 da Fundação Kissama, assinala-se que em Julho do ano passado foi realizada uma campanha aérea de helicóptero com contagem, imobilização e marcação de palancas na RNIL, que se estende por 828 mil hectares, apresentando como limites naturais o rio Kwanza a Oeste e o rio Luando a Norte e Leste.
A Fundação Kissama afirma que "esta campanha revelou-se altamente bem-sucedida, tendo sido atingidos os principais objetivos propostos, com destaque para a localização de todas as manadas sobreviventes na RNIL e a imobilização de 25 animais (22 palancas negras gigantes e três palancas ruanas), com colocação de 15 coleiras GPS e 10 brincos GPS e coleiras VHF".
A operação contou com apoios financeiros internacionais e foi idêntica às realizadas em 2009, 2011, 2013, 2016, 2019 e 2022, "com utilização de um helicóptero vindo da Namíbia e uma experiente veterinária que já colabora com o projecto desde 2019".
Foram ainda realizadas expedições em Setembro para complementar os dados, com a ajuda de drones para sobrevoar as manadas e obter estimativas actualizadas, "incorporando também os dados dos sobrevoos de Julho e o conhecimento acumulado no terreno", explica a fundação.
"Os resultados assim obtidos foram esclarecedores e apontam para uma estimativa total na ordem de 185 palancas na RNIL no final de 2024, o que corresponde a um aumento em cerca de 20% na última estimativa de 2022", destaca.
A KIssama diz que foi igualmente realizado o monitoramento demográfico no Parque Nacional da Cangandala (PNC), onde as contagens têm sido feitas de forma mais casual e menos sistemática, uma vez que estes animais se encontram, na sua maioria, dentro de um santuário vedado e beneficiando de alguma protecção.
Sendo uma área de arvoredo denso e baixa visibilidade é difícil obter uma contagem precisa, descreve a fundação no relatório, assinalando que "foi possível monitorar os grupos de vez em quando, e numa ocasião em particular foram contadas, numa só ocasião, um total de 80 palancas pastando numa zona aberta".
"A nossa estimativa actual no PNC aponta para cerca de 120 palancas, estando a população provavelmente num processo de estagnação devido a constrangimentos de espaço, pelo que deveria ser considerada num futuro breve a expansão da actual vedação ou mesmo a sua remoção", recomenda a organização.
O Projecto de Conservação da Palanca Negra Gigante é um dos mais importantes da Fundação Kissama, não apenas pela sua relevância ecológica, mas também pelo valor simbólico desta espécie para Angola.
"A palanca negra gigante, considerada um ícone nacional, é um animal majestoso e único, representando o orgulho e a identidade cultural do país", destaca a Fundação Kissama no relatório, lembrando que é uma espécie "criticamente ameaçada de extinção".
A Fundação Kissama é uma organização não-governamental dedicada à conservação e protecção da biodiversidade. Criada em 1995, foi declarada como instituição de Utilidade Pública em 2007, como reconhecimento do seu importante contributo.