O também Presidente da África do Sul recordou que este dia, criado para coincidir com a data de fundação da Organização da Unidade Africana (OUA), em 1963, que em 2002 evoluiu para União Africana (UA), tem como objectivo lembrar aos africanos que há batalhas por vencer, como a da pobreza, da fome, da erradicação de doenças, dos conflitos, os novos e os velhos... e o persistente subdesenvolvimento.

"As soluções para os problemas de África residem dentro de África", asseverou Ramaphosa, numa declaração emitida para todo o mundo online devido à necessidade de manter as regras criadas para esbater a pandemia da Covid-19, a propósito da qual atirou: "Apesar de o novo coronavírus não ser um problema essencialmente africano, mostramos a nós próprios que temos capacidade e agilidade e engenho para lidar com o prolema".

Com a Covid-19 a ensombrar claramente as celebrações deste ano, o líder rotativo da UA sublinhou, nestas palavras proferidas a partir da Cidade do Cabo, que a pandemia veio lembrar a todos, pobres e ricos, que são mortais e que podem sucumbir, apostando de novo em frisar o quão importante foi África ter optado de forma decisiva por abraçar em conjunto o combate à pandemia, "assumindo em mãos a construção do seu destino".

Ao dizer isto, Cyril Ramaphosa colocou em evidência o que o Secretário-Geral da ONU, António Guterres disse nos últimos dias e repetiu hoje, sobre a fórmula de sucesso que o continente encontrou para liderar o sucesso global de combate ao coronavírus, apelando mesmo a que os países mais desenvolvidos olhem para África como exemplo a seguir.

"Os Governos africanos foram proactivos no combate à Covid-19", disse Ramaphosa, notando de seguida que essa proactividade pode ser conseguida também para lidar com outros prolemas comuns ao continente.

Mas o Presidente da UA não ignorou a importância de obter da comunidade internacional e das instituições financeiras internacionais o apoio urgente e decisivo para ultrapassar a crise económica que está a erguer-se no rasto da crise de saúde pública gerada pela pandemia.

"Todavia, é claro que vamos continuar a depender do apoio externo, da comunidade internacional e das instituições financeiras internacionais para impulsionar o esforço continental de construir resiliência económica africana e sair da crise", disse.

África não é o caixote do lixo do mundo

Entretanto, também num discurso feito hoje sobre o 25 de Maio, o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, apontou baterias à urgência de por fim à dependência do exterior a todos os níveis e que a pandemia veio colocar isso mesmo em evidência.

"A questão essencial a covid-19 nos colocou, de forma ensurdecedora foi a necessidade absoluta de acabar com a dependência do exterior e passarmos a viver dos nossos recursos e com eles industrializarmos a continente", afirmou Moussa Faki Mahamat.

Disse ainda que este é o momento em que África está a ser desafiada para assumir o seu destino, definir o seu rumo e deixar de ser a "reserva permanente" para uns e "caixote do lixo" para outros tantos.

Admitiu que o continente mantém um nível "deplorável e inaceitável" das suas infra-estruturas rodoviárias, portuárias, de saúde, educação, apesar dos recursos que obviamente possui e que são suficientes para colmatar as necessidades das populações.

"Vamos viver do que temos, com o que temos e de acordo com aquilo que o que temos é possível", desafiou o presidente da Comissão Africana, que é o órgão executivo da UA.

Para Moussa Faki Mahamat, o que mais importa é criar um "movimento de mudança" que permita juntar forças que alimentem o "renascimento de África".