Inscritos no princípio de 2019, pelo menos duas centenas de jovens que tencionavam seguir carreira militar, no âmbito do processo de recrutamento, dizem ter sido expulsos da Força Aérea Nacional (FAN), por suposta falsificação de documentos, detectada um ano depois de já terem frequentado a formação básica nesta vertente.

Em declarações ao NJ, os acusados, afastados das fileiras do Exército há cerca de duas semanas, consideram-se injustiçados, pois, segundo eles, não lhes foi dado o direito de defesa.

Após ter participado, com êxito, de vários cursos de formação militar básica com os demais colegas, Jorge Andrade, aspirante a pára-quedista, alega não compreender os motivos para esta decisão, considerando-a bastante "estranha".

Segundo Andrade, a ter de acontecer, esta decisão devia ser tomada há já algum tempo e não numa altura em que a carreira entraria na fase de especialização.

"Depois de termos feito a formação básica militar em Saurimo, Lunda Norte, jurámos, inclusive, a bandeira em Setembro último, não se pode permitir que o pessoal da área de quadros nos venha informar que estamos numa situação fraudulenta", contesta.

A decisão está a ser encarada pelos aspirantes como um claro pretexto para afastá-los e, desta forma, apoderarem-se dos 64 mil kwanzas que auferiam mensalmente.

Já o comandante-geral da FAN é descrito num áudio a que tivemos acesso como tendo uma explicação muito diferente da do grupo de militares.

No material áudio ouvido, Altino Santos refere que o organismo que dirige não pode compactuar com indivíduos com uma conduta indecorosa, por isso terão que ser afastados antes do tempo.

"Tem de haver disciplina e sermos exemplares", acrescenta.

Há duas semanas, o grupo de militares que se encontravam a frequentar os cursos nalgumas províncias foi orientado a viajar para Luanda, a fim de que recebesse as notificações sobre o afastamento e as devidas razões.

Contudo, uma vez na capital do país, os jovens dizem ter sido abandonados por aquela instituição castrense. Daí a conclusão: "é má-fé por parte das autoridades".

E explicam: "se o assunto fosse sério, se o processo de recenseamento militar fosse transparente, esta situação não devia acontecer apenas agora".

Jorge Andrade, que encabeça o grupo, reprova a forma unilateral como a decisão foi tomada, embora a sua implementação tenha ganho vigor apenas nas últimas semanas.

O caricato, acrescenta, é que este cenário ocorre muito depois de terem sido submetidos a uma instrução básica militar que os viria a catapultar para a categoria de praça ou oficial, para posterior especialidade.

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