Sob o lema "Com a força do passado e do presente construamos um futuro melhor", os delegados ao congresso defendem que José Eduardo dos Santos seja tratado como "um bom patriota", devido ao seu empenho à frente do partido.

No Centro de Conferências de Belas, onde decorre o congresso, o ambiente é de alegria, com todos a elogiarem tanto João Lourenço como José Eduardo dos Santos.

"A família MPLA está em festa", disse ao NJOnline o congressista, Cabral Neves.

Fora do recinto, o VI Congresso do MPLA é também o assunto do momento, dominando a conversas nos autocarros, restaurantes, locais de trabalho, escolas e nos bairros da capital.

O tema: a saída de José Eduardo dos Santos e a entrada de João Lourenço.

Para muitos, José Eduardo dos Santos cumpriu a sua missão, sobretudo no que diz respeito à unidade e reconciliação nacional entre os angolanos de Cabinda ao Cunene.

"Homem de unidade e de paz e será lembrado para sempre", resume, o funcionário publico, Paulo Bambo.

Satisfeita não está Carla Neves, que mora no bairro Golf 2. Para ela, José Eduardo dos Santos deixou um país com muitos problemas, principalmente o desemprego no seio da juventude.

"Terminei o Ensino Superior há sete anos, mas não consigo ter um emprego na função pública ou no sector privado, porque houve políticas fracas do Executivo relativamente ao emprego", lamentou.

"Nada ainda está perdido"

Igualmente insatisfeito está o ancião Tomás Kianda, natural da província do Kwanza-Norte. Vive em Luanda há 15 anos e afirma que o Executivo liderado por Eduardo dos Santos divorciou-se da agricultura, dando primazia no sector petrolífero.

"Até cebola, tomate e outros produtos agrícolas que deveriam ser produzidos em Angola, o Governo tinha que os importar. Foi uma vergonha", criticou Tomás Kianda.

O funcionário público António da Costa Ndiata também não tem saudades do antigo Executivo, que segundo a sua opinião, "ficou manchado com a corrupção e nepotismo". "Seria injusto dizer que José Eduardo dos Santos não fez nada. Infelizmente teve um staff de corruptos que arruinou a economia do país, deixando Angola com muitas dívidas", acrescentou.

O taxista Armando Pingo espera "um forte desempenho" do novo presidente do MPLA e da República para tirar o país no abismo. "Nada ainda está perdido. Espero que o novo Presidente do MPLA e da República, João Lourenço, faça algo para melhorar Angola", acredita.

A candidatura de João Lourenço foi anuída no dia 27 de Abril último, pelo Bureau Político do MPLA, e aprovada, por aclamação, pelo Comité Central do partido no dia 29 de Junho do corrente ano.

João Lourenço vai substituir José Eduardo dos Santos, que lidera o MPLA desde 1979, na sequência da morte de António Agostinho Neto, então Presidente do partido e da República Popular de Angola.

A 11 de Março de 2016, durante a 11.ª sessão ordinária do Comité Central, o presidente do MPLA anunciou que deixaria a vida política activa em 2018 e, por isso, não concorreu como cabeça-de-lista do partido nas eleições gerais de 23 de Agosto de 2017.