Em cerimónias separadas, no Palácio Presidencial, João Lourenço acreditou os embaixadores residentes de Portugal, Pedro Maria Santos Pessoa e Costa, e do Egipto, Mohamed Safwat Ramadan Atta.

Em declarações à imprensa, o embaixador Pedro Maria Santos Pessoa e Costa afirmou que Portugal vai continuar a trabalhar com as autoridades angolanas para fortalecer a cooperação bilateral, privilegiando os sectores, político, comercial, económico e empresarial.

A relação diplomática entre Angola e Portugal data de Março de 1976, e vem sendo aprofundada e consolidada com a assinatura de diversos instrumentos jurídicos, para impulsionar o intercâmbio bilateral.

O novo embaixador de Portugal em Angola, licenciado em Direito, já exerceu as mesmas funções no Reino Unido e na Costa Rica.

Portugal é um dos principais parceiros comerciais de Angola, com forte presença de empresas lusas nos sectores da construção, banca, exportação de produtos alimentares e bebidas.

Já Angola é um dos principais investidores em Portugal, com actividades que vão desde a energia às telecomunicações e banca.

O novo embaixador de Portugal em Luanda admitiu que o impacto da pandemia de covid-19 é "preocupante" do ponto de vista empresarial, mas sublinhou que os dois países partilham "vontade de trabalhar em conjunto no presente e no futuro".

Angola e Portugal partilham "vontade de trabalhar"

Entretanto, em declarações à Lusa, Pedro Pessoa e Costa afirmou que Portugal e Angola são dois países "amigos, com muitos anos de relações", salientando que as empresas portuguesas fazem "parcerias verdadeiras" com os angolanos.

"São dois países que partilham a mesma língua, a história e, sobretudo, a vontade de trabalhar em conjunto no presente e no futuro", disse aos jornalistas à saída do encontro com o chefe de Estado angolano.

Questionado sobre o impacto da pandemia nas empresas portuguesas presentes no mercado angolano, adiantou que estas estão a sentir os efeitos de forma negativa e a tentar adaptar.

"É óbvio que está a ter [impacto], quando se fala de quarentena e confinamentos, a chegada de trabalhadores a grandes obras não consideradas prioritárias é algo que é preocupante do ponto de vista empresarial", reconheceu o diplomata.

No entanto, as empresas "têm dado sinais de que podem continuar à procura de outras formas de negócio durante este tempo de pandemia, esperando que não seja um período demasiado longo".

Salientando que Angola se preparou para a luta contra a doença de uma maneira "exemplar", Pedro Pessoa e Costa disse que espera que a pandemia não tenha "demasiados efeitos perversos entre os dois países", nomeadamente em termos económicos e empresariais.

Deixou, no entanto, uma nota optimista: "Creio que as empresas portuguesas que estão neste mercado continuarão a manter-se neste mercado e a participar na construção do presente e do futuro de Angola, e outras poderão vir e mostrarem-se interessadas pela diversificação da economia e o programa de privatizações que tem sido apresentado".

Quanto à questão da retoma dos voos regulares entre os dois países, esta não foi abordada no encontro com João Lourenço.

O embaixador lembrou que têm sido realizados voos humanitários, com apoio das autoridades angolanas, para que os portugueses retidos em Angola devido ao encerramento de fronteiras possam regressar a Portugal, mas tudo o resto vai depender da evolução da pandemia.

"À medida que a situação se vai tornando mais clara e mais segura pode ter efeito no regresso dos voos regulares, mas para isso é preciso que o espaço aéreo esteja aberto tanto aqui como em Portugal. Por enquanto temos de ver como a situação epidemiológica se desenrola", declarou.

Sobre se haverá necessidade de cumprir quarentena é algo que as autoridades angolanas vão ter de decidir e que Portugal irá respeitar, indicou.

Pedro Pessoa e Costa afirmou ainda que a relação de Portugal com Angola toca todos os sectores e que irá apoiar todas as áreas, económica, comercial, educação e promoção da língua portuguesa.