"Não há violação dos estatutos nem violação dos princípios democráticos. O que está em causa é que algumas pessoas querem dirigir o partido à força. Isso não é justo, porque existem congressos onde os líderes são eleitos democraticamente", declarou ao Novo Jornal Online Benedito Daniel.

Segundo o líder do PRS, os militantes, simpatizantes e amigos da terceira força política em Angola não vão permitir que um grupo de descontentes prejudique "um trabalho que tem sido feito com muito esforço".

"Quem quer ser líder do partido candidata-se e concorre num congresso. Não é correcto as pessoas estarem criar ilhas, após a realização do congresso, agitando militantes com ideias de destruir o partido", criticou.

De acordo com o presidente do PRS, a organização desde a sua fundação vem enfrentando vários problemas, mas o "remédio" que tem sido encontrado é a "coesão interna".

"Essas tentativas não nos assustam, porque temos confiança dos militantes e membros que nunca permitirão a destruição do nosso partido", afirmou.

Reconheceu que a realização do IV Congresso do Partido de Renovação Social (PRS), nas vésperas da campanha eleitoral, prejudicou a formação política, que alcançou apenas dois deputados nas eleições gerais de 23 de Agosto.

"Fomos culpados de realizar o congresso nas vésperas da campanha eleitoral", assumiu o político, admitindo que não conceberam uma pré-campanha eleitoral tendo em conta a aproximação das eleições.

Na sequência dessa falha, Benedito Daniel referiu que a direcção do partido tem vindo a comunicar às estruturas de base em todas as províncias o que aconteceu, e prometeu que nas próximas eleições a cadência de trabalho será outra.

"Os nossos militantes e membros já estão a trabalhar para que nas próximas eleições o partido vença ou tenha uma boa representação na Assembleia Nacional", afirmou, reprovando "algumas vozes que a todo custo lutam para fragilizar a organização".

Relativamente à impugnação dos resultados do IV Congresso Ordinário do partido, que o candidato derrotado, Sapalo António, procura, junto do Tribunal Constitucional, Benedito Daniel, declarou que as pessoas são livres de tomar as suas decisões.

"As pessoas são livres de impugnarem os resultados do congresso. Mas essa contestação obedece a prazos", reforçou, rejeitando que não foi notificado pelo Tribunal Constitucional sobre a referida impugnação.

"O congresso foi livre e transparente. Acho que não há motivos para queixas, porque quem votou foram os delegados", recordou, confirmando haver no seio do partido uma forte coesão.

Questionado sobre a decisão do membro fundador do PRS, João Baptista Ngandajina, abandonar o partido, por suposta violação dos princípios democráticos, das normas estatutárias e do funcionamento dos órgãos e das estruturas da formação política, Benedito retorquiu outra vez que os membros são livres de tomarem as suas decisões.

"O partido ainda não se pronunciou sobre o assunto. Na próxima reunião vamos analisar o caso de João Baptista Ngandajina, que, para nós, ainda faz parte da nossa organização política", afirmou.

Pronunciando-se sobre o que o seu partido fará na actual legislatura, adiantou que a organização vai propor ao parlamento a criação de uma entidade para combater a corrupção.

"Essa entidade tem de funcionar se queremos combater esse fenómeno que arruína a nossa sociedade", acrescentou, defendendo a realização de eleições autárquicas durante a legislatura em curso.

"O nosso partido, desde a sua fundação, sempre defendeu o federalismo como melhor forma para desenvolver Angola e evitar as assimetrias regionais", concluiu.

Refira-se que Benedito Daniel foi eleito este ano como presidente do Partido de Renovação Social (PRS), durante IV Congresso Ordinário.

Benedito Daniel, que exercia as funções de secretário-geral do partido e deputado à Assembleia Nacional, substitui Eduardo Kuangana, que abandonou o cargo por doença.

Nestas eleições para o cargo de presidente do partido concorreram também Sapalo António e João Baptista Ngandagina.