A somar ao terror provocado pelas explosões provocadas por sete bombistas suicidas em igrejas e hotéis do Sri Lanka no Domingo de Páscoa, ainda não reivindicadas - estranhamente - mas que o Governo cingalês imputou ao pequeno grupo de radicais islâmicos do NTJ, sigla para "National Thowheeth Jama'ath", que quer dizer, numa tradução livre, Organização Monoteista Nacional, está ainda a potencial desvitalização do sector do turismo, fundamental na economia do país e a destruição de vasto património religioso.

Foi perante este quadro de hecatombe nacional no Sri Lanka que o Presidente da República angolano enviou na segunda-feira uma nota de "profunda dor e pesar" ao mesmo tempo que repudia de forma enérgica os "sangrentos atentados"

Na nota, enviada ao Presidente cingalês Maithripala Sirisena, João Lourenço condena ainda estes actos que "atentam contra a vida e a dignidade da pessoa humana".

"Perante este trágico acontecimento, cumpre-me em nome do Povo e do Executivo angolano, apresentar a Vossa Excelência e ao Governo do Sri Lanka, os nossos sentimentos de solidariedade e as mais profundas condolências, pedindo-Lhe que as estenda aos familiares das vítimas", acrescenta ainda o Presidente angolano na nota enviada ao seu homólogo cingalês.

Como o NJOnline noticiou logo no dia dos ataques a igrejas e hotéis deste país, situado no sul do continente asiático, a sua da Índia, que chocaram o mundo, os rebentamentos tiveram lugar em três grandes cidades do Sri Lanla, Colombo, a capital, Negombo e Batticaloa.

Os hotéis Shangri-La, Cinnamon Grand e Kingsbury, em Colombo, o Santuário de Santo António, também em Colombo, e a Igreja de São Sebastião e a Igreja de Sião, em Negombo e Batticaloa, respectivamente, foram os principais alvos visados pelos terroristas do NTJ que, segundo as autoridades de Colombo, terão organizado os atentados com importante colaboração de grupos radicais internacionais, existindo indícios de que ou a AL-Qaeda ou o Daesh podem estar por detrás do terror vivido pelo Sri Lanka.

Para além dos sete bombistas-suicidas, há ainda cerca de quatro dezenas de pessoas suspeitas de envolvimento na organização dos ataques, tendo a polícia detido mais de 30.

Os ataques, sincronizados e quase em simultâneo, tiveram lugar perto das 08:00 locais (03:00 de Luanda) de Domingo de Páscoa, onde milhares de pessoas, nacionais e turistas (pelo emnos 40 estrangeiros estão entre os mortos), enchiam as igrejas deste país de 21 milhões de habitantes, de maioria religiosa budista, mas onde existem 7 por cento de cristãos, sendo 6% destes católicos.

O Sri Lanka é país com uma longa tradição de terrorismo e uma memória fresca de uma guerra civil que vingou de 1983 a 2009, entre as Forças Armadas e os guerrilheiros dos Tigres Tamil, que pretendiam criar um Estado independente, no nordeste do Sri Lanka.

Apesar de os Tigres Tamil terem sido militarmente derrotados, grupos dispersos mantiveram alguma actividade e são recorrentes pequenos incidentes, principalmente dos islamistas do NTJ, que reivindicaram recentemente a destruição de estátuas budistas.

Este é um dos ataques terroristas mais violentos desde o fim do conflito com os Tigres Tamil, que, durante os mais de 25 anos de vigência, provocou cerca de cem mil mortos, e, ainda segundo fontes policiais citadas pelas agências, devido ao elevado nível de organização que a sincronização das explosões demonstra, o país pode estar à beira de um regresso do pânico generalizado ao seio da população que tinha sentido um forte alívio quando há 10 anos terminou a guerra com os guerrilheiros de etnia Tamil.

Até ao momento não há indicações da existência de angolanos entre as vítimas, tendo a imprensa portuguesa noticiado que entre os cidadãos de países lusófonos consta um morto de nacionalidade portuguesa.