Ao NJOnline, Félix Simão Lucas (na foto) lamentou que na província existam muitas obras públicas paralisadas sem justificação e sem que os empreiteiros sejam responsabilizados apesar dos fortes indícios de terem sido cometidas ilegalidades.

"Muitos gestores públicos dividiram o dinheiro com os empreiteiros. Deve ser agora preocupação do governo local ver essas situações resolvidas, porque algumas empresas foram pagas na totalidade mas não concluíram as obras", lamentou.

Na sua opinião, o governo local deve "urgentemente" fazer o levantamento de todas as obras em atraso e paralisadas a nível dos 16 municípios da província do Uíge e que aqueles empreiteiros em incumprimento sem justificação sejam responsabilizados judicialmente.

Questionado sobre as últimas detenções de gestores públicos, o secretário provincial da UNITA referiu que, para além destes, ainda muitos outros podem ser constituídos como arguidos.

"Sempre fomos alertando sobre a má gestão do erário público, mas nunca fomos tidos nem achados", acrescentou.

Recorde-se que o SIC na província do Uíge prendeu Leonardo Bongo Kiala, e Yamba Mateus, secretário do Governo e chefe do gabinete governador, respectivamente, acusados do crime de apropriação ilícita de dinheiros públicos (peculato).

Ainda no âmbito das detenções, dois antigos membros do Governo Provincial do Uíge, nomeadamente o ex-delegado da Justiça e Direitos Humanos, Miguel Kutoca, e o antigo director do Comércio, Indústria e Hotelaria, Boseke Mayamona Mansony, encontram-se igualmente detidos por suspeita da prática de diversos crimes.

O primeiro vai responder pelos crimes de peculato por infracções cometidas desde 2012, estando a ser acusado do desvio de mais de 400 milhões de kwanzas dos fundos atribuídos à sua instituição, usados em benefício pessoal para a compra de viaturas e imóveis, além do de corrupção, por tentativa de suborno ao magistrado do Ministério Público que investiga o caso.

Por sua vez, o ex-director do Comércio, Indústria e Hotelaria, Boseke Mayamona Mansony, está a ser culpado nos crimes de peculato, abuso de autoridade, falsificação de documentos e associação de malfeitores, actos praticados na qualidade de director da instituição na altura.

Até ao momento, os casos dos detidos continuam a ser investigados e os processos estão a ser instruídos para, posteriormente, serem julgados.