A água consumida pelos moradores do bairro Cruz Vermelha, no Rocha Pinto, é adquirida no bairro Huambo, localizado a poucos metros - separado apenas pela estrada -, onde um bidão de 20 litros custa 25 kwanzas, três vezes menos do preço praticado no bairro Cruz Vermelha.
Para adquirirem água, constatou o NJ, a maioria dos cidadãos atravessa a estrada com bidões e bacias à cabeça, ignorando os riscos de atropelamento, cenário visível logo às primeiras horas do dia na Avenida 21 de Janeiro.
Entre os moradores que habitualmente vão à busca do precioso líquido, estão crianças, adultos e idosos que, em grupo, ou de forma individual, atravessam a estrada, correndo com bidões de 20 litros ou bacias. A maioria não usa a pedonal.
Quem comercializa água na zona da Cruz Vermelha chega a cobrar 100 kwanzas por cada 25 litros. O preço é justificado pela escassez. Proprietário de camiões-cisterna, por exemplo, cobram entre 15 e 20 mil kwanzas para 5.000 e 12 mil litros.
Cátia João, de 12 anos, vive com os pais no bairro Cruz vermelho (parte baixa da zona do Rocha Pinto). Segundo a adolescente à nossa reportagem, ela e a irmã têm a missão de acarretar água de segunda a sexta-feira, todas as manhãs.
"Por falta de água, temos atravessado essa estrada grande, a correr mais de três vezes todas as manhãs. Vamos buscar água no bairro Huambo [parte de cima do Rocha Pinto], porque lá os preços são baratos. O bidão de 20 litros compramos a 25 kwanzas, mas na nossa zona é 100", revela.
Na companhia das amigas, a pequena parecia desconhecer o perigo que enfrenta diariamente ao colocar o «pé no asfalto».
"Os motoristas não gostam de dar prioridade. Temos de correr mesmo, porque, senão, podemos ser atropelados".
Cátia João já presenciou vários acidentes de que foram vítimas pessoas que lhe eram próximas, chegando a perder a vida à busca do precioso líquido.
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