Pedro Kanga, secretário provincial da Cruz Vermelha em Luanda, disse que dias antes o secretariado provincial endereçou vários documentos de pedido de autorização para a obteve resposta.
"Pedimos autorização para a realização de uma actividade no dia 15, não fomos respondidos por escrito, mas ligaram-nos na sexta-feira, 14, e reunimos. No encontro, o senhor administrador disse de viva voz que a nossa actividade não se ia realizar. E, se por ventura insistíssemos, a administração não se responsabilizava, o que não percebemos", explicou.
Segundo Pedro Kanga, os locais escolhidos para a realização da actividade de doação de bens alimentares foram escolhidos por serem de muito sofrimento, por não terem as mínimas condições, como energia eléctrica e água.
"A população já estava à espera das doações porque tinha já sido informada pelas comissões de moradores e sobas. Infelizmente, ficaram surpreendidos com a posição do administrador de Cacuaco", realçou.
A doação deveria beneficiar perto de três mil famílias, segundo Pedro Kanga. O cenário estava já a ser montado na sexta-feira quando receberam a notícia de que não estavam autorizados pelo administrado, uma situação que surpreendeu e deixou triste as autoridades tradicionais locais, assim como a população.
Um membro da comissão de moradores do bairro Eco da Paz, que preferiu anonimato, confidenciou ao Novo Jornal que, no sábado, os populares manifestaram a intenção de chegar junto da sede da administração do município, com o propósito de realizar um acto de manifestação por causa desta decisão, mas foram aconselhados pelas mais velhas a não o fazerem.
Em reacção ao Novo Jornal, o administrador municipal de Cacuaco, Auxílio Jacob, explicou que a administração que dirige apenas agiu de acordo com a lei, negando ter recebido antes qualquer documento proveniente da Cruz Vermelha.
"Recebemos, sim, documentos, provenientes da comissão de moradores dos bairros alegando que tinha sido contratados pela Cruz Vermelha. E a comissão fez um abaixo-assinado dirigido a mim, informando que tinha recebido um grupo de activistas da Cruz Vermelha que trabalhou nestes bairros junto das comunidades e que prometeu entregar mais três mil cestas básicas", contou, acrescentando que esse documento apenas chegou à administração no dia 13 de Agosto.
"Ninguém pode entrar no município para falar com as comissões de moradores sem antes falar com a administração. Como não tínhamos nenhum documento da Cruz Vermelha orientámos as comissões de moradores para não fazerem a recepção de nenhuma cesta básica, porque não conhecemos a origem dos produtos.
No dia 14, prossegue o responsável da administração municipal de Cacuaco, receberam dois ofícios, às 12:00, da Cruz Vermelha, "assinados pela mesma pessoa que não versavam o mesmo assunto e ainda tinham carimbos diferentes".
Entretanto, Auxílio Jacob realçou que os fundamentos apresentados pelos promotores da actividade não foram esclarecedores para a administração que, de imediato, recusou a realização do acto.
"Os documentos não estavam compatíveis com aquilo que era a verdadeira intenção manifestada na carta das comissões de moradores. Por isso rejeitei a realização do acto", afirmou Auxílio Jacob.