Por todo o continente africano vai ser necessário acelerar fortemente a construção de infra-estruturas que permitam responder ao rápido crescimento da população e a consequente urbanização em larga escala de forma a criar sustentação aos objectivos do desenvolvimento traçados para África.

O PIDA é programa que projecta o desenvolvimento das infra-estruturas africanas, elaborado pela Comissão da União Africana, em coordenação com a agência da Nova Parceria para África (NEPAD), o Banco de Desenvolvimento Africano e as Nações Unidas

Nesta conferência que teve lugar no Zimbabué ficou claro, segundo os relatos das conclusões produzidos pelos media internacionais que estiveram em Victoria Falls, que o continente africano terá de resolver o problema gerado pelo forte crescimento da população, que a ONU estima vir a ser de 1,6 mil milhões em 2030, a estagnação da produtividade, e a rápida concentração em cidades.

Angola é um bom exemplo para esta discrepância, porque, com um crescimento anual da sua população de 3%, a resposta em infra-estruturas e em capacidade para enquadrar uma população cada vez mais jovem, com anseios próprios, como o emprego, está muito aquém do necessário.

Como o director-geral do INE angolano, Camilo Ceita, admitiu, a não resposta aos anseios da crescente população jovem pode mesmo resultar em perturbações sociais de monta.

Garantir o fornecimento de água, alimentos e de energia a esta crescente população é uma urgência e um desafio gigantesco para o continente, advertem os especialistas que debateram o assunto na PIDA 2018, observando a urgência de disponibilização de fundos e meios técnicos para projectos de infra-estruturas e planos que permitam a África manter vivo o desejo de alcançar os seus objectivos de desenvolvimento para as próximas décadas.

Mas, como alerta a própria União Africana, este défice em infra-estruturas de suporte à distribuição de energia, água, tecnologias de telecomunicações, entre outras, tem um impacto negativo no crescimento económico superior as 2 por cento e agrava a produtividade em cerca de 40 por cento.

A questão dos transportes terrestres, aéreos e marítimos é outras das questões que este conferência sublinhou a traço grosso, embora tenha sido igualmente destacado como positivos os projectos que estão a ser discutidos sobre a construção de vias modernas entre algumas destacadas cidades e regiões africanas, como a Dar-es-Salaam e Chalinze, entre Kinshasa e Brazzaville, que inclui ferrovia, Adidjan e Lagos, entre outros que incluem as grandes barragens em construção no continente africano ou linhas de transporte a estas inerentes.

Em causa está ainda a fraca industrialização do continente, que resulta de uma débil capacidade de fornecer energia eléctrica, embora tenha sido destaco também que dos 433 projectos que o PIDA tem elaborados, e com os quais se estima poderem ser resolvidos a maior parte dos problemas relacionados com esta matéria, 32%, cerca de 130 projectos, estão em construção ou já a funcionar.

Mais população, mais encargos, menores dividendos

Coincidindo com as conclusões da conferência de Victoria Falls, a consultora londrina Capital Economics divulgou uma análise sobre o crescimento populacional em África onde alerta para o risco inerente a este cenário, porque, ao contrário dos países mais desenvolvidos, no continente africano mais população pode significar mais dependência.

Lembrando que em escassas duas décadas a população africana vai superar a da China e da Índia, a consultora alerta para o facto de esse ser o elemento distintivo entre os continentes e regiões emergentes em todo o mundo.

Todavia, nota que seria "errado ver nisso um factor unicamente positivo" porque mais população vai, como se concluiu na conferência PIDA 2018, exigir vultuosos investimentos em infra-estruturas" de todos os tipos, onde a maior parte dos Governos não conseguirá dar resposta cabal e, em muitos casos, nem aproximada às necessidades.

Devido às características das populações africanas, ao contrário de outras, como a europeia ou sul-americana, mais população não significará mais poupança das famílias e mais emprego, que levou a forte crescimento económico noutras latitudes.

E, ainda por cima, os países africanos não cooperam entre si como sucede noutros recantos do planeta para perseguir objectivos comuns de desenvolvimento social e económico.

A Capital Economics, sendo este outro ponto negativo, prevê que a África do Sul, que foi, e ainda é, o farol de África no que toca ao desenvolvimento, está numa fase decrescente e vai continuar em perda de influência no contexto africano e global devido às opções de políticas sociais e económicas internas.