O Presidente do Quénia, William Ruto, foi directo ao assunto na abertura dos trabalhos, ao dizer claramente que o plástico representa "uma ameaça existencial para a vida, para a Humanidade e tudo pelo meio".

Não podia ser feita melhor síntese para o perigo que o plástico representa, basta ver as ribeiras e valas de drenagem na capital angolana, mas também nas cidades das províncias, para se ter uma ideia clara da real dimensão deste problema, mas as soluções propostas estão tão afastadas como os interesses económicos dos países industrializados que laboram fortemente o sector dos plásticos.

Por exemplo, quando a maior parte dos países, incluindo alguns africanos, como a Tanzânia, o Ruanda ou o Uganda, que estão na vanguarda desta batalha, apostam solidamente na redução da produção e uso deste material, desde logo no excesso de utilização dos vulgares sacos de plástico não recicláveis dos supermercados, outros, como os Estados Unidos anseiam por garantir que a solução passa pelo aumento da capacidade de reciclagem deste lixo que enche os mares e rios, penetra na forma de microplásticos na cadeia alimentar de peixes, mamíferos e aves, e acaba por encharcar os humanos deste veneno ambiental.

Numa manifestação em Nairobi, milhares de manifestantes empunharam, na antecâmara desta cimeira, slogans que equiparam a poluição por via do uso do plástico ao pior da crise ambiental que está a sufocar o Planeta Terra.

Este é um assunto que há muito inquieta os Governos de todo o mundo e África não é excepção, como o Novo Jornal tem vindo a noticiar (ver links em baixo nesta página), embora Angola esteja apenas a dar os primeiros passos, ainda sem nada de efectivo no terreno, outros estão na vanguarda, a ponto de, por exemplo, na Tanzânia ou no Ruanda há anos que não entra um saco plástico leve (das compras), o que se tem revelado proveitoso porque os seus rios e mares passaram de depósitos insalubres destes dejectos para locais aprazíveis e livres de poluição por residos sólidos.

Para o futuro, o que os mais de 130 países representados em Nairobi pretendem é que seja conseguido um entendimento que permita elaborar um tratado com a chancela dasNações Unidas durante o ano de 2024, passando pela redução coerciva se necessário do seu uso excessivo.

Para isso, mais de 170 países, em 2022, acordaram chegar a um entendimento num prazo curto, porque uma resposta já não é apenas urgente, é essencial à sobrevivência do planeta tal como o conhecemos, estando o risco sobejamente exposto, como, por exemplo, além do que se vê nos nossos rios e mares, nas aves (ver foto) que habitam os confins da Antártica ou do Ártico, ou tartarugas em todos os continentes, que morrem aos milhões por ingestão de objectos de plástico a vaguear no mar que confundem com animais de que comummente se alimentam.

Este encontro mundial na capital queniana, que começou a 13 e termina a 19 deste mês, é assim mais uma oportunidade para ajudar a salvar o ambiente no Planeta Terra. O pessimismo parece imperar, mas enquanto há vida há...