Em entrevista ao portal Africaguinee.com, Djigui Camara, embaixador da Guiné-Conacri em Angola, admitiu que as autoridades guineenses perderam a conta ao número de cidadãos que emigraram para o nosso país.

Para além de mencionar que as autoridades angolanas "toleram" a falta de documentos dos cidadãos de Conacri - o que perpetua situações de ilegalidade -, o diplomata refere que muitos entram no país como nacionais de outros países, nomeadamente da Serra Leoa, Guiné-Bissau e Costa do Marfim.

Perante esta situação, o responsável sublinha que os dados sobre a presença guineense em Angola estão subdimensionados, acrescentando que a dificuldade de proceder a um recenseamento rigoroso é agravada pela dispersão dos cidadãos pelas 18 províncias do país.

Djigui Camara reconhece porém que a comunidade é "muito numerosa", e destaca o facto de os nacionais de Conacri terem conseguido prosperar em Angola, tornando-se, em alguns bairros, nos homens de negócios mais visíveis.

Segundo o embaixador, o número de casas construídas pelos guineenses demonstra o sucesso que alcançaram, situação que se transformou num chamariz para o resto da comunidade.

"As pessoas acabaram por pensar que Angola é um país de cocaína", apontou o diplomata, explicando que a ideia do lucro fácil que se generalizou desencadeou um tal fluxo migratório, que se tornou complicado controlar a vaga.

Apesar das dificuldades em contabilizar a comunidade, o embaixador aponta as principais actividades de que se ocupam os guineenses residentes em Angola, com destaque para a gestão de cantinas.

"Estão presentes mesmo nas zonas sem segurança, o que pode explicar, em parte, a elevada taxa de criminalidade de que são vítimas", adiantou Djigui Camara.

O diplomata esclareceu que, para além se tornarem alvo de assaltos devido à visibilidade dos seus negócios, os guineenses também são vítimas da ganância dos compatriotas, apontados como mentores de alguns dos homicídios que ocorrem na comunidade.