Depois do acidente, no passado dia 8, onde cinco vagões do comboio de combustível tombaram, deixando parcialmente destruídos centenas de metros de linha, a circulação nos CFL ficou confinada entre Luanda e o Dondo.

A reposição da circulação integral, entre Luanda e Malanje, deverá, segundo o administrador técnico dos CFL, Manuel João Lourenço, ser reposta na terça-feira, depois dos esforços feitos para levar para o local os meios técnicos necessários para a normalização das condições da via.

Tratando-se de veículos ferroviários carregados de combustível, Manuel Lourenço admitiu que vão ser necessárias manobras que exigem cuidado para que seja possível transferir o gasóleo sem riscos para as equipas no local, na comuna de Quizenga, Município de Cacuso.

O comboio, que transportava 330 mil litros de gasóleo, fazia a ligação entre Luanda e Malanje. Segundo uma nota do CFL, o descarrilamento das cisternas não causou danos à locomotiva nem derrame significativo do produto.

No entanto, em consequência do descarrilamento, a via encontra-se interrompida e os passageiros com bilhetes de passagem Malanje/Luanda e vice-versa puderam solicitar o reembolso do dinheiro.

Enquanto durar o trabalho para remoção da locomotiva e das cisternas estará disponível o serviço de longo curso apenas de Luanda às localidades do Dondo e Lwinha, na província do Cuanza Norte.

O CFL transporta, semanalmente, cerca de cinco mil passageiros nos serviços de longo curso.

O Caminho de Ferro de Luanda (CFL), cuja linha férrea começou a ser construída em 1881,, foi reabilitada após a guerra civil angolana e concluída em 2011 pela empresa China Railway International Group (CRIG).

A reabilitação da rede ferroviária angolana - incluindo ainda o Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM) -, destruída por cerca de 30 anos de guerra civil, custou, entre 2005 e 2015, cerca de 3,5 mil milhões de dólares, e foi garantida por empresas chinesas.

Em Agosto de 2017, num despacho presidencial assinado pelo Ex-Presidente José Eduardo dos Santos, foi aprovado um contrato com a mesma empresa para garantir os trabalhos de manutenção da linha, por 42,9 milhões de dólares.

A contratação da CRIG para o efeito era justificada pela "incapacidade técnica" da empresa CFL para "levar a cabo os trabalhos de manutenção da linha, que permitam assegurar a segurança da sua exploração".

A mesma argumentação era utilizada num outro despacho presidencial, em que o ex-Chefe de Estado autorizava o Ministério dos Transportes a contratar, por 55 milhões de dólares, a China Railway 20 Bureau Group Corporation (CR20) para garantir, nesse caso, a manutenção da linha explorada pelos Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB), que tinha sido concluída pela CR20 em 2015.