O professor da Universidade Nova de Lisboa Jorge Bacelar Gouveia, de acordo com vários media portugueses, está a ser investigado no contexto de uma denominada Operação Tutti-Frutti alegadamente envolvido num intrincado esquema que, apesar de ir muito além disso, tem como especial interesse para Angola o facto de entre os seus "méritos" estar a facilitação de conclusão de doutoramentos a alunos que retribuíam com diamantes.

Embora em nenhum dos media que divulgaram este caso, a TVI e a revista Sábado, surja a identificação dos doutorandos que conseguiram a atenção especial de Bacelar Gouveia para finalizarem as suas teses, é igualmente verdade que em todos os PALOP, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, só em Angola existe uma conhecida indústria diamantífera e uma relativa facilidade em aceder a estas pedras preciosas.

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Entretanto, dando como certo que Bacelar Gouveia foi constituído arguido, o Expresso confirmou junto da Universidade Nova de Lisboa que foram ali feitas buscas pela Polícia Judiciária no âmbito da Operação Tutti-Frutti na qual este aparece envolvido, sendo o trafico de influências e a corrupção dois dos crimes que lhe são apontados.

Entretanto, em comunicado, a direcção da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa diz que já ocorreram situações em que foram levantadas "dúvidas sobre a conduta" de Jorge Bacelar Gouveia.

Nesse contexto, ainda segundo o mesmo documento, foram avançadas "participações disciplinares por violação dos deveres de informação, de zelo, de lealdade e de correcção".

E garante que tem toda a disponibilidade para colaborar com a justiça, apesar da "consternação" observada quando foi conhecido o caso Tutti-Frutti, adiantando que foi igualmente iniciado um processo disciplinar para com este docente.

O comunicado diz ainda que se trata de um "constitucionalista de elevada notoriedade na sociedade portuguesa e no mundo lusófono em geral", que ocupou cargos de elevada responsabilidade na instituição, como o de Presidente do Conselho Científico e coordenador de ciclos de estudos não nucleares que "pressupõem a mais elevada idoneidade de quem os ocupa" o que transforma o recebimento de contrapartidas para facilitar o sucesso dos doutorados numa caso de extrema gravidade para a reputação daquela que é uma das mais prestigiadas universidades portuguesas.

Esta investigação remonta a 2017 e tem como génese uma auscultação de uma chama telefónica entre Bacelar Gouveia e outros políticos, nomeadamente do PSD e do Partido Socialista, este último no Governo do país, envolvendo uma alegada teia de corrupção e tráfico de influência.