Os cientistas asseguram que a vacina que está a ser desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela empresa farmacêutica AstraZeneca - uma das que estão na fase mais avançada dos testes em humanos - foi considerada "segura" e produziu uma resposta imunitária.

Mas estas conclusões, divulgados na segunda-feira pela revista científica The Lancet, dizem respeito à fase 1 dos ensaios clínicos (avaliação da segurança e capacidade de desencadear uma resposta imunitária). A fase 2, cujos resultados não foram ainda divulgados, corresponde à avaliação da eficácia clínica, a dose adequada ou as reacções adversas.

Os cientistas afirmam que são precisos mais ensaios clínicos, incluindo em adultos mais velhos e com complicações de saúde, para saber se ela consegue realmente induzir uma protecção eficaz contra a infecção pelo novo coronavírus. Mas estes são resultados "promissores", garantem.

"O sistema imunitário tem duas maneiras de encontrar e atacar agentes patogénicos: através das respostas dos anticorpos e dos linfócitos T. Esta vacina pretende induzir ambos, para que possa atacar o vírus quando está a circular no corpo, assim como atacar células infectadas", explicou Andrew Pollard, um dos cientistas que encabeçaram o estudo.

"Esperemos que isto signifique que o sistema imunitário consiga lembrar-se do vírus, para que a nossa vacina possa proteger as pessoas durante muito tempo", declarou, acrescentando, no entanto, que são precisos mais estudos para ter a certeza de que a vacina protege da infecção e quanto tempo dura essa protecção.

Idealmente, a vacina deverá ser eficaz depois de uma ou duas administrações, deve funcionar numa população mais idosa e com complicações de saúde e conceder ainda uma protecção mínima de seis meses que permita reduzir as transmissões do vírus entre humanos, defende a equipa de cientistas.

A equipa da Universidade de Oxford, no Reino Unido, foi uma das primeiras a iniciar ensaios clínicos em humanos. Os testes, cujos resultados foram agora divulgados, foram feitos em adultos com idades entre os 18 e os 55 anos, sem historial de covid-19, em cinco hospitais britânicos entre 23 de Abril e 21 de Maio. Os participantes continuarão a ser acompanhados durante um ano, pelo menos. Dos efeitos secundários registados, o cansaço e dores de cabeça são os mais frequentes. Houve ainda quem sentisse dor no local onde foi administrada a vacina, dores musculares, mal-estar, arrepios e febre.