João Cristóvão Cardoso de Lemos, de 31 anos, ingressou nos quadros da Polícia Nacional em 2015. Viu neste órgão do Ministério do Interior uma oportunidade de ter um emprego "digno" para sustentar a família. Só não sabia, porém, que essa oportunidade o condenaria para sempre a uma cadeira de rodas.

No primeiro ano como efectivo da polícia e ainda entusiasmado com a missão de garantir a ordem e tranquilidade, o 1.º subchefe e mais outros dois colegas, durante uma patrulha, nos arredores do campo Multiuso do Kilamba, em Luanda, tentaram travar um grupo de meliantes que se preparava para efectuar um assalto. Na tentava de intervir, foram surpreendidos com disparos de armas de fogo. Entre os três, João teve a má sorte e foi atingido com três tiros: dois no abdómen e um nas costas, que lhe «matou » os sonhos» e causou a paralisia dos membros inferiores, condenando-o a uma cadeira de rodas.

O primeiro de sete irmãos e órfão de pai, e o que tinha a missão de ser o suporte da família, viu assim os desejos amputados, quando cumpria a sua missão de proteger o cidadão, causando desgosto à progenitora, a qual morreu meses depois.

"A mãe ficou muito sentida quando disseram que tive uma paralisia e que ficaria numa cadeira de rodas. Teve problemas de AVC, o que a levou à morte meses depois", lembra, com tristeza.

João «jurou a bandeira» que a partir do momento passava a efectivo da polícia deixaria de ser um cidadão comum, transformando-se num agente da autoridade e defensor da lei, da ordem e da segurança pública. Foi com esse espírito que avançou, sem receios, para travar o fatídico assalto.

Sem arrependimentos, entretanto, garante que, caso voltasse a assistir a uma cena de assalto, reagiria novamente.

(Leia este artigo na íntegra na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas, ou através de assinatura digital, disponível aqui https://leitor.novavaga.co.ao e pagável no Multicaixa)