São mais de 3.500 habitantes que estão impedidos de aceder a escolas e postos de saúde em Angola, por inexistência destes, o que os obriga a procurar soluções do lado congolês, mesmo que se trate de uma resposta também ela precária.

Segundo a Angop, esta realidade foi denunciada pelos anciãos da localidade de Regedoria este fim-de-semana, num momento em que o governador provincial da Lunda Norte efectuava uma visita de trabalho à região.

O governador Ernesto Muangala realizou a visita de trabalho a esta zona fronteiriça para se inteirar das condições sociais prevalecentes nas áreas geográficas de fronteira entre a Lunda Norte e a RDC.

A justificação para a precariedade da resposta angolana nestas áreas - educação e saúde - na área do Marco 21 avançada por Ernesto Muangala é o facto de se tratar de uma zona que até há pouco tempo era reclamada pelo Governo de Kinshasa até 2006 e ainda não foi possível, por essa razão, repor os serviços em questão.

Durante esta visita do governador provincial da Lunda Norte, ainda segundo o relato da Angop, foi-lhe explicado por um dos sobas, Ndala Kapaka, da área de Regedoria, a necessidade de uma intervenção urgente nas áreas da saúde e educação mas também na criação de condições para promover o comércio transfronteiriço.

Uma das medidas apontadas como mais urgentes é a melhoria dos acessos com a província congolesa de Cuango, essencial para desenvolver o potencial do comércio rural na parte angolana.

Outro problema sublinhado ao governador Ernesto Muangala foi a questão do ensino da língua portuguesa às crianças da zona em questão, porque estas ainda frequentam escolas congolesas por falta de resposta integral do lado angolano.

Isso mesmo foi transmitido pelo professor Pedro Nelson, que está ali colocado há cerca de um ano, tempo suficiente para já ter percebido que o absentismo escolar é grande e que as crianças que frequentam uma escola, fazem-no do outro lado da fronteira, onde aprendem em francês e lingala (língua congolesa), o que dificulta o ensino em língua do sistema angolano de ensino, o português.

Segundo este professor, se os pais e encarregados de educação angolanos que têm os filhos a estudar do outro lado da fronteira tivessem professores e escolas em número suficiente no lado angolano, optariam por não enviar os seus filhos para as escolas da RDC.