Nas praças, essas regras não passam despercebidas. Vendedores e compradores são obrigados, nos três dias estipulados para a realização de vendas - terças-feiras, quintas feiras e aos sábados -, a cumprir várias medidas de segurança, desde o afastamento social, lavagem regular das mãos ao uso de luvas e de máscaras.

Em alguns mercados como o do São Paulo, Congolenses, Kwanzas e BCA, todos localizados em Luanda, onde a equipa de reportagem do Novo Jornal esteve por muito tempo, foi possível observar que as pessoas se adaptavam às novas medidas de segurança, as quais eram outrora ignoradas nessas superfícies que albergam milhares de cidadãos provenientes de vários pontos do país.

Lídia Marques vende tomate numa das "bancadas" da conhecida praça dos Kwanzas e reconhece que a situação da Covid-19 é «preocupante» e que deve ser levada a sério. A vendedora, que tinha no rosto uma máscara feita com tecido de pano do Congo, o tipo de máscara mais visível naquele local, garantiu ao NJ que tem conhecimento sobre a doença e que cumpre as medidas de segurança.

"Antes e depois de receber os valores da mão dos clientes, uso o álcool em gel para desinfectar as mãos, observo o distanciamento de um metro com outras colegas e aconselho as outras a fazerem o mesmo. Sei dos estragos que a Covid-19 está a causar no mundo e tenho muito medo dessa doença", precisou.

A jovem, que vende no mercado há mais de cinco anos, observou também que, nesse período de emergência e de restrições que o país vive, o importante não é lucrar, mas "despachar" os produtos e levar alguma coisa para a família.

"Estamos a comprar caro o negócio. Ao chegar no mercado, temos que reduzir os preços porque, senão, os clientes fogem e o tomate estraga, e corremos o risco de regressar a casa de mãos vazias", frisou.

Vendedores pedem mais tempo para as vendas

No entender dos comerciantes, o horário das seis às 13 horas, estabelecido pelo Governo, não é suficiente para a actividade comercial e pedem que se acrescente mais horas. Os motivos, justificaram, tem que ver com a dificuldade na aquisição dos bens e no transporte dos mesmos.

"Antes de chegar à praça, passámos maior parte do tempo na luta para aquisição dos negócios, e esse exercício consome a maior parte do tempo e faz com que cheguemos ao mercado muito tarde e não aproveitamos as vendas", relevaram.

Mãe Manuela, vendedora na secção de frescos no mercado dos Kwanzas, contou que chegou à praça por volta das 11 horas da manhã e que, até ao momento em que decorria a reportagem do NJ, quando o relógio marcava 40 minutos para 13 horas, só tinha vendido 1.000 kwanzas. A cidadã temia não conseguir terminar o peixe e levar sustento para os filhos.

"Sei que o país não está bom. Por favor, nos acrescentem algumas horas de venda, prometemos cumprir. Estamos a perder produtos e dinheiro", apelou.

À semelhança dos Kwanzas, os vendedores e compradores do mercado dos Congolenses, no distrito urbano do Rangel, também sentem a mesma dificuldade tanto na aquisição dos negócios como no horário e dias de vendas. A anciã Isabel Fernandes, de 70 anos, com a mão levada ao rosto, faz contas à vida.

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