O Museu Nacional da República Democrática do Congo (RDC), em Kinshasa, lugar de nascimento de Sindika Dokolo, informou que vai estar aberto ao público na quarta-feira, 18, para prestar homenagem e condolências ao coleccionador de arte, que o museu retratou, na sua página de facebook, como "um grande homem de cultura e digno filho da nação congolesa que se empenhou na nobre batalha da restituição dos bens culturais africanos a África".

A missa fúnebre de Sindika Dokolo realiza-se na Catedral de Westminster, em Londres, Inglaterra, às 10h30 locais. No mesmo dia, às 09:00, haverá lugar para uma cerimónia na RDC, no Museu Nacional do Congo, em Kinshasa, de onde era originário Sindika Dokolo. Em simultâneo será realizada, em Luanda, uma missa, mas Isabel dos Santos, que partilhou as informações nas redes sociais no passado dia 3, não avançou o local.

Sindika Dokolo nasceu em Kinshasa, no antigo Zaire, actual República Democrática do Congo. Era dono de uma das principais e mais importantes colecções de arte contemporânea africana, tendo criado, em Luanda, uma fundação com o seu nome. O coleccionador de arte casou em 2002 com a empresária Isabel dos Santos, filha mais velha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

Filho de pai congolês, Augustin Dokolo Sanu, banqueiro falecido em 2001, e mãe dinamarquesa, Hanne Taabbel, passou a infância na Europa, entre a Bélgica e França. Licenciou-se em Economia, Comércio e Línguas Estrangeiras na Universidade Pierre e Marie Curie, em Paris.

Em Outubro do ano passado, a Fundação Sindika Dokolo comprou e repatriou para Angola 20 peças de arte que tinham sido levadas de museus angolanos para colecções estrangeiras e preparou-se para entregar ao museu de Kinshasa a primeira peça congolesa recuperada, segundo uma entrevista concedida na altura à agência Lusa.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) divulgou, no dia de 19 de Janeiro, mais de 715 mil ficheiros, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais. Ambos negaram sempre as acusações, dizendo ser vítimas de perseguição política, mas os seus negócios estavam a ser investigados pela justiça angolana, na sequência das revelações do "Luanda Leaks".

Crítico dos quase 20 anos do regime do Presidente Joseph Kabila na República Democrática do Congo, Sindika Dokolo esteve cerca de cinco anos no exílio, devido aos processos movidos contra si em Kinshasa, tendo regressado apenas em Maio de 2019, já depois da chegada ao poder de Félix Tshisekedi, que tomou posse como chefe de Estado congolês em Janeiro.