Neste momento mais de 8 milhões de angolanos vivem em extrema pobreza, número que corresponde a 30% da população (estimada em 27 milhões) e que, em 2030, vai aumentar para 12,7 milhões, referentes a 33,9% dos cidadãos.

Os números são extraídos do World Poverty Clock, em português Relógio da Pobreza Mundial, projecto lançado pela organização não governamental (ONG) World Data Lab, que reúne dados públicos e projecções da Organização das Nações Unidas (ONU), do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.

A ferramenta, disponível online, permite visualizar em tempo real quantas pessoas saem ou entram da pobreza no mundo, medição que cobre 99,7% da população mundial.

No caso de Angola, o relógio indica que o país integra a lista de nações onde a pobreza extrema tem vindo a aumentar, realidade que, segundo as Nações Unidas, é medida pelo número de pessoas que vivem com menos de 1,25 dólares por dia.

A análise inclui estimativas até 2030, por ser esta a meta estabelecida pela ONU para erradicar a pobreza extrema do mundo, definida como o primeiro de 17 objectivos traçados pelas Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável global.

Muito longe da meta, Angola sobressai como um dos países do mundo que não só não tem conseguido travar a pobreza, como assiste ao seu crescimento.

A situação tem suscitado vários alertas, como o que foi lançado, em 2011, pela então vice-presidente do Banco Mundial para África, Obiageli Ezekwesili.

Na altura, a responsável considerou que a pobreza e o excesso de população em Luanda são uma "bomba-relógio", e aconselhou o governo angolano a incluir os cidadãos na discussão sobre o futuro do país.

"Espero que os angolanos percebam a urgência de resolver este problema (da pobreza). Angola urbanizou-se muito rapidamente e quando olhamos para a capital Luanda vemos uma concentração massiva de pessoas e sinais diários de pobreza urbana que o governo precisa combater porque é uma bomba-relógio", disse Obiageli Ezekwesili, em entrevista à agência Lusa, concedida à margem da reunião anual de 2011 do Banco Africano de Desenvolvimento.