"O ano lectivo inicia a 02 de Setembro e é também neste mesmo período que abre o ano agrícola na RDC. Pensamos que essa é boa altura para iniciar o processo de repatriamento dos refugiados", defendeu Berta Ilunga Zinga durante a reunião tripartida entre os governos de Angola, RDC e Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, (ACNUR), que decorreu hoje em Luanda.

A Secretária Permanente da Comissão Nacional para os Refugiados da RDC informou que uma delegação da RDC, do Governo angolano e do ACNUR segue amanha sexta-feira, para a província da Lunda Norte para constatar a situação dos refugiados que estão deixar o centro de acolhimento do Lóvua.

A representante da ACNUR na RDC, Ann Encontre, elogiou o trabalho do Governo angolano no acolhimento de refugiados no centro do Lóvua.

Toda a recepção que Angola fez desde 2017 aos refugiados da RDC é um exemplo não somente para a região, mas para o mundo", declarou.

O Secretário do Estado Para as Relações Exteriores, Tete António, disse que o Executivo angolano continua a apoiar os refugiados da RDC que se encontram no Lóvuo dando-lhes apoio material e moral.

"No dia 18 de Agosto, cerca de 5.000 refugiados começaram a abandonar o assentamento do Lóvua, uma tentativa de retorno espontâneo e a caminharem em direcção da RDC. A maioria deles percorreu uma curtinha distancia e instalaram-se com as suas crianças à beira ou na localidade do Lóvua", disse ao NJOline Juliana Ghazi, do ACNUR em Angola.

Referiu que desde o dia 19 deste mês, o Governo angolano vem providenciando camiões para transportar os refugiados até à fronteira com a RDC.

Recorda-se que uma delegação ministerial, integrada pelos ministros da Defesa Nacional, Salviano de Jesus Cerqueira, e da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Faustina Fernandes Alves, esteve dia 19 deste mês na província da Lunda Norte, para se inteirar da situação dos refugiados da RDC

A visita dos governantes surgeu um dia depois de pelo menos oito mil, dos 23.600 refugiados, decidirem, unilateralmente, abandonar o campo em que se encontravam alojados.

Até Junho do ano em curso, de acordo com o ACNUR, 85 por cento dos refugiados manifestaram o interesse de regressar de forma voluntária.

A ACNUR tem previsto um kit de apoio à reintengração em caso de regresso organizado dos refugiados às suas terras de origem, que integra uma verba de 200 dólares, sendo que o regresso voluntário não contempla esse tipo de ajuda.

A migração dos cidadãos congoleses para Angola derivou da violência extrema e generalizada, causada por tensões políticas e étnicas na província do Kasai, na RDC, em 2017.