João Queta Tomás Caetano garantiu que, para além do atraso salarial, os funcionários encontram-se em situação de vulnerabilidade no seio familiar.

"Estamos a passar mal no seio das nossas famílias, não há dinheiro para comprar medicamentos e alimentação, os filhos são expulsos das escolas por falta de pagamento das propinas e muitos de nós fomos retirados das casas de renda onde vivíamos por falta de pagamento das rendas", disse.

Segundo João Queta, sendo a TURA uma empresa de transportes, não se compreendem as razões que levam a empresa a não ter disponível um meio de transporte para apoiar os trabalhadores.

"Não temos carro de apoio ao pessoal e somos uma empresa de transportes. É inadmissível termos de vir trabalhar de táxi", lamentou.

De acordo com o coordenador do bureau sindical da TURA, a direcção emitiu um comunicado a informar que a empresa deixaria de conceder empréstimos aos trabalhadores em qualquer situação.

"Desde os finais de 2017 que a empresa nos paga mês sim, vários não, e as dívidas connosco não acabam. Não há explicações para tal situação, a entidade patronal diz que não negoceia porque não tem condições financeiras para pagar aos trabalhadores", salientou.

João Queta deu a conhecer ao NJOnline que a decisão de avançar para a greve saiu da última assembleia extraordinária dos trabalhadores, realizada no dia 6 deste mês.

"Se não resolverem a situação, não vamos trabalhar, não estamos contra a direcção da empresa, apenas exigimos que nos paguem os nossos salários. A greve é uma realidade e tem início amanhã, dia 12, nas primeiras horas do dia", explicou.

Sobre o assunto, o NjOnline contactou a administração da TURA, mas não obteve qualquer resposta.

De recordar que, em Março último, os trabalhadores da TURA iniciaram uma greve parcial, prometendo paralisar todos os serviços caso não lhes fossem pagos, na ocasião, também quatro meses de salários em atraso.

O director geral da empresa Transporte Urbano Rodoviário de Angola (TURA), José Junça, em declarações ao Jornal o País, no mês de Março, disse que o Ministério das Finanças (MINFA) é o responsável pelos atrasos salariais dos trabalhadores da referida empresa.

O responsável esclareceu que a empresa tem a receber do Estado mais de 280 milhões de Kwanzas da subvenção de bilhetes que o Governo se propõe a pagar aos cidadãos que usam os transportes rodoviários.

"É lamentável. Mas cada um deve cumprir o seu papel", disse o responsável.