O Lulo é a mais famosa de todas as minas de diamantes em Angola, conseguindo o total dos 10 maiores diamantes alguma vez produzidos pela indústria diamantífera nacional, incluindo o maior de sempre, com 404 quilates, encontrado em 2016.
Esta mina tem ainda o recorde absoluto do valor por quilate, conseguido nesse ano de 2016, alcançando os 2983 USD por quilate, graças não apenas ao tamanho das gemas ali encontradas, no seu couto mineiro de 3 mil kms2, mas essencialmente devido a sua qualidade.
Como pode ser revisitado nos links em baixo nesta página, o Lulo, mina gerida pelos australianos da Lucapa Diamond Company, associados à Endiama e à Rosa & Pétalas, foi sendo o foco mundial dos diamantes nacionais ao longo de quase uma década, depois de abrir em 2016.
Agora, quando o negócio global dos diamantes atravessa uma crise gigantesca, a Lucapa anunciou que está a preparar uma profunda reestruturação e a possível venda do negócio, depois de há cerca de um ano ter anunciado que o projecto na Lunda Norte era uma aposta prioritária para investir.
Para isso, a cotada australiana, que tem ainda investimentos na Austrália, vendeu a sua mina no Lesoto, a Mothae, apesar de dali ter igualmente extraído alguns diamantes com mais de 100 quilates nos últimos anos.
Para definir o futuro da sua presença no Lulo, a Lucapa Diamond Company encarregou uma consultora, a KordaMentha a realizar uma "avaliação urgente" do grupo e das suas operações, como noticiou a imprensa da especialidade.
Este processo tem como pano de fundo não apenas crise do sector, que, por exemplo, em Angola se repercutiu ao gerar menos rendimentos em 2024 apesar de um aumento substantivo da produção em quase 4 milhões de quilates em relação a 2023 (9,7 milhões), com cerca de 14 milhões, mas também a urgência de conseguir capital para os seus projectos na Austrália, nomeadamente o Merlin e Brooking.
Segundo dados da empresa cotada na Austrália, esta observou um prejuízo líquido de 1,5 milhões USD em 2024, enquanto a receita caiu 31%, para 54,5 milhões, à medida que os preços tombaram quase abruptamente em 2023 e 2024.
Esta inesperada decisão administrativa surge depois de já este ano a Lucapa ter aumentado a sua participação no Lulo de 39% para 51%, apostando, argumentou na época, com uma forte expectativa de futuros e promissores resultados.
Para já, o que os australianos estão a verificar é se os seus sócios ou potenciais investidores mostram interesse em investir neste projecto ou mesmo adquirir a sua participação, o que, na hermenêutica do sector, significa que a Lucapa Diamond Company encara sem grande optimismo o futuro deste sector.
Sector que está, claramente, ameaçado não apenas por um excesso de produção face à procura mas também pela acelerada evolução da tecnologia da indústria de criação artificial de gemas de grande qualidade e menor custo.
Um sinal de preocupação foi a recente suspensão da empresa pela bolsa de valores australiana devido à situação financeira da Lucapa.