Depois de o Tribunal de Comércio dos EUA ter proibido o Presidente Donald Trump de disparar tarifas a torto e a direito, alegando inconstitucionalidade das medidas, eis que agora, um tribunal federal vem colocar tudo na estaca zero permitindo-lhe usar as taxas alfandegárias como retaliação contra países terceiros.

Além disso, segundo noticiam esta sexta-feira, 30, as negociações entre Pequim e Washington para definir a moldura das trocas comerciais entre os dois gigantes, que decorrem, com um calendário de 90 dias, em Genebra, na Suíça, não estão a correr da melhor maneira...

Se os mercados tinham gostado da primeira decisão, permitindo uma recuperação ligeira das perdas anteriores, desta feita não gostaram nada e voltaram às perdas com uma descida súbita no valor do barril, tanto em Nova Iorque, o WTI, como em Londres, o Brent.

O Brent, que serve de referência principal para as ramas exportadas por Angola, ainda não está nos tremidos 58 USD de há três semanas, mas voltou a cair para baixo dos 64, mais precisamente nos 63,9 USD, menos 0,6%, perto das 14:00, hora de Luanda.

Este valor aproxima-se da fasquia dos 7 USD abaixo do valor médio de referência usado pelo Executivo para elaborar o seu OGE 2025, o que, se se mantiver com estes valores, poderá obrigar a equipa económica de João Lourenço a rever o OGE, como, de resto, a ministra das Finanças já admitiu que pode suceder.

Alias, um economista conhecedor destes limites, advertiu o Novo Jornal para a possibilidade de tal opção ter de ser feita muito em breve porque o Executivo terá de estar já a olhar para o OGE 2026 a partir de Junho ou Julho, o que normalmente deve suceder com estes problemas resolvidos.

Entretanto, para além das tarifas de Trump estão ainda a lidar com a pressão das fragilidades das economias chinesa e norte-americana, com uma redução do consumo, e ainda a aplicação já este fim-de-semana da retoma em 411 mil barris por dia na produção da OPEP+.

Isto, num processo que deverá manter-se para lá do final deste ano, podendo mesmo, segundo analistas, chegar a mais de 50% da produção retirada, perto de 6 mbpd, desde 2020, aquando da explosão da crise gerada pela pandemia da Covid 19.

Além disso, segundo dados recentes da AIE o buraco entre a procura e a oferta que até aqui permitiu manter o barril muito perto dos 70 USD está a desaparecer, seja pela via da redução das expectativas para o aumento do consumo, seja pelo surgimento de mais oferta, tanto no cartel como em produtores independentes, como a sul-americana Guiana, entre outros.

E uma questão adicional que ameaça ter um papel importante nesta descida aos infernos das petroeconomias, como a angolana, é o possível acordo nuclear entre o Irão e os EUA, o que poderá resultar no levantamento de sanções que impedem Teerão de vender crude no máximo do seu potencial.