O programa que enquadra a partida dos primeiros 49 "africans" foi anunciado pela Administração Trump em Fevereiro e visa dar protecção a um número não revelado de sul-africanos brancos que estão a ser alegadamente perseguidos pelo Governo do Congresso Nacional Africano (ANC).
Esta decisão administrativa norte-americana, que não difere muito de outros que no passado foram oferecidos pela Austrália aos agricultores brancos "perseguidos" no Zimbabué pelo então regime de Robert Mugabe, pode, em teoria, abranger largos milhares de sul-africanos.
O primeiro voo saiu de Joanesburgo este fim-de-semana mas outros deverão seguir-se, embora não seja conhecido o limite máximo deste tipo de vistos especiais, mas poderá ser de esperar que o programa venha a ser limitado na medida em que as relações ebtre Washington e Pretória vão melhorando.
Isto, porque Donald Trump lançou esta passadeira vermelha para "afrikaners" numa altura em que as relações entre os dois países estavam muito tens e, no entretanto, têm vindo a melhorar.
No entanto, alguns analistas chamam à atenção para o facto de o actual Governo sul-africano ser fruto de um entendimento entre o ANC e a Aliança Democrática (AD), que é um partudo visto como sendo formado pelos herdeiros do apartheid, regime extinto em 1994 sob a
E o Governo de Cyril Ramaphosa tem repetido especialmente pela voz do seu ministro das Relações Internacionais e Cooperação, Ronald Lamoa, que não existe qualquer perseguição a esta comunidade afrikaner na África do Sul.
Uma das acusações feitas por Washington é que o Estado sul-africano está a "expoliar" a comunidade branca das suas terras.
Por sua vez, alguns sectores sul-africanos mais radicais, como o que e liderado por Julius Mulema, do partido de esquerda radical EFF, e também dentro do ANC, pedem que Ramaphosa seja ainda mais efectivo na nacionalização das terras mantidas pelos brancos como forma de equilibrar a injustiça histórica do apartheid.
Isto, porque dizem que com a democracia em 1994 esse trabalho não foi feito e os grandes agricultores brancos ficaram na posse das suas terras que deveriam, como defendem hoje, ser entregues às comunidades negras.
Uma das questões que sempre emergem nestes contextos, como foi o caso do Zimbabué, e também na África do Sul, embora haja fortes divisões de opiniões, é que as terras retiradas aos brancos e entregues às comunidades negras foram deixando de produzir até serem abandonadas em grande número.
Porém, os defensores destes medidas sublinham que sempre que tal sucedeu foi porque não houve o devido acompanhamento técnico ou as pessoas que ficaram por elas responsáveis não tinham as competências necessárias.
Além disso, o Governo de Pretória garante, e os números da polícia confirmam, não há uma aumento substancial de criminalidade contra as comunidades brancas na África do Sul, mesmo depois de Elon Musk, que trabalha próximo de Trump, ter dito em tempos que a comunidade branca estava a ser violentamente perseguida.