A informação, ao mesmo tempo que aconselhava a que esta notícia fosse recebida com prudência, foi avançada esta quinta-feira, em Kiev, pelo Presidente Volodymyr Zelensky, numa conferência de imprensa no âmbito das cerimónias de comemoração do Dia da Independência, que se comemora hoje, 24 de Agosto, e com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, a seu lado.

A Península da Crimeia, o território mais valioso tomado à Ucrânia e integrado pela Rússia desde 2014, é também o objectivo maior das forças ucranianas que procuram expulsar os russos dos seus territórios definidos desde 1991 com a independência da então URSS.

Zelensky admite que não é assunto para dar como garantido que a Crimeia vai ser reconquistada através desta iniciativa militar, considerando, aparentemente, como sucesso o hastear da bandeira ucraniana em território da península que os russos, recorde-se, já consideram parte inteira do seu país, desde 2014, tal como acontece com as regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia, desde Outubro de 2022.

No Palácio Presidencial na capital ucraniana, Zelensky, com o claro intuito de fazer deste anúncio um momento alto das celebrações do Dia Nacional da Ucrânia, avançou que as coisas estavam "a correr bem" para "os rapazes" que estão a cumprir a operação militar na Crimeia, congratulando-se pela inexistência de baixas entre estes.

A notícia foi avançada pouco depois da hora de almoço, hora de Luanda, e são muito escassas as informações sobre esta operação, cuja envergadura é desconhecida e se o objectivo é tomar todo o território ou criar um "evento" especificamente para efeitos mediáticos no âmbito das festividades nacionais ucranianas.

Mas sabe-se por certo que este anúncio de Zelensky emerge num contexto de fortes perdas para as unidades ucranianas que desde 04 de Junho cumprem uma alargada contra-ofensiva com centenas de milhares de militares e milhares de veículos fornecidos pelos países da NATO.

Contra-ofensiva que, segundo as próprias chefias militares norte-americanas, de onde chega o grosso do equipamento fornecido a Kiev, citadas pelos jornais mais relevantes nos EUA, o Washington Posto e o New York Times, está a falhar em toda a linha e com inexpressivas possibilidades deste resultado poder vir a ser alterado.

O próprio Presidente Zelensky admitiu na quarta-feira que a contra-ofensiva estava a sentir sérias dificuldades e que avançada substancialmente de forma mais lenta que o que estava planeado.

Os factos confirmam o que dizem tanto Zelensky com as fontes do Pentagono citadas pelos media norte-americanos, como apontam analistas independentes, com perdas em vidas, em pouco mais de dois meses, cerca de 80 dias, na ordem dos 40 mil e a destruição de milhares de viaturas blindadas de combate e de transporte, peças de artilharia e aviação, incluindo helicópteros e aviões.

A Ucrânia, através dos seus serviços secretos, citados pelos media internacionais através da Lusa, garante que "o inimigo sofreu baixas entre os seus homens e equipamento [militar] foi destruído. E a bandeira nacional voltou a ser hasteada na Crimeia ucraniana.

Qual o objectivo final desta operação, se é limitada ou antecipa algo de maior robustez, enquadrada na contra-ofensiva que já se prolonga desde 04 de Junho, ainda é cedo para saber, mas alguns bloggers de guerra ucranianos já apontaram como certo ratar-se de uma operação limitada e de natureza simbólica no âmbito da data que se comemora nesta quinta-feira, 24.