Temos de começar a ganhar noção da importância do diálogo, do debate e da livre expressão de diferentes pontos de vista. João Lourenço e Adalberto Costa Júnior devem criar canais de diálogo permanente e construtivo, estabelecendo períodos para debate e concertação sobre vários temas da agenda nacional e internacional. Devem repudiar toda e qualquer iniciativa de ruptura do estabelecimento de diálogo entre as instituições. Devem estabelecer uma agenda de diálogo e concertação nacional, na qual temas como a saúde, educação, fome, pobreza, desemprego, paz, diversificação da economia e atracção de investimento, defesa e segurança, diplomacia, respeito pela soberania e defesa da democracia, entre outros, estejam presentes. O Presidente da República, João Lourenço, tem de assumir a responsabilidade e ser ele a tomar as iniciativas de estabelecer diálogo com o líder do maior partido da oposição e com outros actores políticos. O Chefe de Estado tem o poder, a autoridade e a necessidade de sensibilizar e comprometer os demais líderes políticos, líderes da sociedade civil e demais cidadãos para os grandes desafios da Nação. Fazer-lhes perceber com palavras e acções que a Pátria está acima de tudo e todos. A qualidade da democracia tem grande reflexo na qualidade dos políticos que produz, tem influência na forma como os cidadãos olham e avaliam aqueles que escolheram para os liderar. Quanto mais a Política for um palco de vaidades, de combate de egos, de intolerância democrática, da imposição do medo da convivência, de ausência de estruturas, de canais e de mecanismos para o debate de ideias e do contraditório, enquanto for tudo isso e mais alguma coisa, mais espaço vai criando para que os seus agentes e protagonistas sejam vistos pelos cidadãos com desconfiança. Em pleno Século XXI e em democracia, um encontro entre João Lourenço e Adalberto Costa Júnior devia ser visto como algo que é parte integrante de um processo normal e natural de um permanente diálogo institucional. É que passou a ser algo tão raro, tão anormal que se torna destaque nos noticiários e anima vários debates até nas redes sociais. Outro aspecto importante é que estes encontros (ainda que raros) não devem ser vistos na perspectiva do vencedor e do vencido, parece que muitas máquinas de comunicação procuram criar narrativas neste sentido e não é correcto. Os grandes vencedores do diálogo institucional são a democracia e os cidadãos.

Adalberto Costa Júnior abordou com João Lourenço a questão da pluralidade na comunicação social pública, a lei eleitoral, a fuga de quadros para o exterior, a situação da saúde no País (com principal incidência sobre o surto de cólera que assola Angola), a educação, a diversificação da economia, o papel da CIVICOP (Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos) e outros. João Lourenço questionou o facto de a UNITA ter abandonado a CIVICOP e terá feito um apelo à necessidade do seu regresso à instituição. Adalberto replicou e justificou-se com o facto de considerar que o órgão de reconciliação está a tornar-se num instrumento de propaganda. O Presidente também terá questionado Adalberto Costa Júnior porquê não pedir para ser entrevistado (uma vez que reclama que não tem sido entrevistado pelos órgãos públicos), o líder da UNITA é de entendimento que tem realizado intensa actividade política e social, sendo estas do conhecimento dos órgãos públicos de comunicação social, dispensando qualquer solicitação para entrevistas. Se a sabedoria popular diz que sexta-feira 13 é dia de azar, que a terça-feira, 13, seja o dia de alguma sorte. Pelo menos foi dia de três coisas: o dia do reencontro de João Lourenço e Adalberto Costa Júnior, o Dia de Nossa Senhora de Fátima e o dia de Adão de Almeida, Ministro de Estado e chefe da Casa Civil do PR, que assistiu também a audiência e que naquele mesmo dia comemorava 46 anos. Há dias assim...