Aceitei o convite imediatamente. E encontrei vários motivos para essa minha decisão pronta. Primeiro, porque fiz parte da grande equipa que preparou e organizou o decisivo Congresso da OPM de 1986, em Luanda, logo domino esse dossier, depois porque o lugar da mulher africana no mundo está no centro da minha agenda e também porque a integração africana faz parte do meu combate, mas, sobretudo, porque sou uma panafricanista de raiz, ramo e folha.

Só depois pensei no que simboliza fazer parte de uma delegação oficial angolana e qual o significado da inclusão de uma diaspória numa missão oficial.

Recuei no tempo, procurei e não encontrei nenhum exemplo na minha Mátria (sim, Mátria, no feminino, porque não? Se o que nos diferencia é a Matriz) e, então, fui em busca de exemplos de outras paragens.

Recordei-me da Kamissa Kamara, nascida em França que em 2018, aos 35 anos com nacionalidades maliana, francesa e americana foi catapultada pelo Presidente Ibrahim Boubakar Keita a partir dos Estados Unidos para a nobre pasta dos Negócios Estrangeiros.

Os diaspóricos, sobretudo os independentes, não costumam fazer parte das delegações oficiais de Angola, nem sequer liderar instituições e departamentos do País, mesmo que o seu savoir faire se afigure como uma mais-valia para essa representatividade.

As delegações oficiais angolanas ao estrangeiro não incluem elementos da Diáspora, não só pela luta interna por viagens ao estrangeiro, o que permite aos "sortudos" aproveitarem o subsídio das ajudas de custo e outros proventos, mas também porque, normalmente, os da Diáspora são os parentes pobres do País político.

(Leia este artigo na íntegra na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas, ou através de assinatura digital, disponível aqui https://leitor.novavaga.co.ao e pagável no Multicaixa)

*Jornalista e presidente da PADEMA - Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana. Foi delegada da Angop em Portugal.