São sinónimos da palavra promessa: obrigação, comprometimento, plácito, palavra, empenho, promissão, compromisso, conchavo, pacto, voto, acordo, combinação e concerto. No sentido figurado, é "esperança trazida por acontecimento ou coisa". Uma promessa é equiparada a um juramento formal, pois se acredita que será cumprida. A promessa é tão importante, que o Direito a incluiu, e exemplo disso é o Contrato-Promessa, que é "a promessa de compra e venda através da qual uma pessoa física ou jurídica se obriga a vender a outra, bem imóvel, nas condições pactuadas" e a Promessa Pública, que diz "que aquele que, mediante anúncio público, prometer a quem se encontre em determinada situação ou pratique certo facto, fica vinculado, desde logo, à promessa". Se olharmos para palavras como Política, Manifesto, Estratégia, Eleições, Candidato e Marketing, compreenderemos que todas elas se constroem e se alicerçam na melhor promessa.
Felizmente existem alguns "países que assentam na tradição" e fora destes é válido para milhões de pessoas em todo o mundo, onde a promessa não pode ser encarada como "mágica". Ela assenta na ética, honra, respeito pelos outros e dignidade de quem promete. Para estes, a promessa conserva o valor da reserva moral dos seus ancestrais, em que os acordos se assinavam pelo aperto de mão. Um tempo em que o nome valia mais do que a riqueza e a promessa não cumprida era assumida com a perda de dignidade pessoal e impedindo os incumpridores de permanecer entre os honrados.
Depois existem os "países do meio" que, sendo desenvolvidos, ainda têm povos condescendentes que vão aceitando que algumas promessas eleitorais não se cumpram, mas quem governa tem consciência da obrigatoriedade de serem garantidos os mínimos olímpicos dos Direitos Humanos, da Qualidade de Vida, da Educação e da Saúde, Estradas, Transportes, Energia, Água e Saneamento, Emprego e Salário digno, que não podem ser tratados de forma leviana sob pena de serem penalizados com sucessivas manifestações, impasses orçamentais ou pela perda de eleições futuras.
E existem os "países desgovernados", em que a promessa apenas serve para ganhar votos e, por isso, as estratégias, os manifestos e as intenções eleitorais nunca vinculam o candidato que venceu e ele pode ir gerindo, de forma mágica, as conveniências para agradar a um grupo ou a uma aliança internacional. É verdade que a maioria dos países que optam pela "promessa mágica" não está representada no grupo dos países com bom desempenho económico, social nem político. Também são os países que mais devem, onde os Governos optam por priorizar o luxo e o megalómano em detrimento do que é vital para a sobrevivência dos seus povos. Neste último grupo de países, alguns até já deixaram de ser países, são "sítios com uma bandeira", como diz o Abilheira ou "cheques sem cobertura", como diz a mana Duda, devido ao desrespeito pelo povo que roça a insanidade, ultrapassa a maldade, está inscrito na esfera da pura crueldade praticada contra inocentes.
No "país em que nasceu o meu pai", a promessa, para além de "mágica", é reiterada. Ela é repetida em resposta às alterações do "nervo" popular e da frequência com que o assunto assola as redes sociais, tornando-se viral até deixar de ser inaudível. É exaltada como escudo contra as acusações de ineficácia. É arejada de vez em quando, aparecendo novas versões de estratégias da mesmice, com outros nomes, fingindo que se trata de uma nova noiva. E a cada vez que isto acontece a liderança perde a confiança dos seus pares e dos votos futuros. A mesma água jamais percorre pelo mesmo rio duas vezes. E se isto é válido para a natureza, de onde viemos, onde reside a nossa consciência original, também é válido para os humanos, todos os humanos, incluindo alguns políticos, que quando ganham poder acham que são intocáveis, invencíveis e imortais.
A criança que perdeu a infância de todos os anos deixou de acreditar nos adultos, perdeu a fé na resposta política. Olha para a Democracia com desconfiança, porque ela assenta na vontade e no poder dos eleitos e do seu Inner Circle que vêem o mundo pelo prisma do seu bem-estar familiar e de uma reforma com tranquilidade económica. A abstenção é a resposta à ausência de eleições justas. Em muitas realidades, a "promessa mágica" não é uma anedota, é uma realidade consciente e elaborada sob encomenda para se conseguir atingir um objectivo momentâneo, em que a promessa depois se evapora do discurso oficial sem ruído.
Na campanha eleitoral de 2017, 33 milhões de angolanos ouviram que "ninguém era suficientemente forte para não ser julgado, nem tão pobre para que não fosse protegido". Ouviram dizer que os "erros da governação anterior não seriam tolerados". Foram informados de que a "luta contra a corrupção não daria tréguas a ninguém, pois todos os rostos da corrupção eram conhecidos". Que a "Educação era a prioridade". Que a "água potável teria acesso fácil". Foi peremptória a "negação de espaço aos lambe-botas, ao elogio sem mérito e à impunidade". Ouviram falar do "fortalecimento de uma imprensa livre e independente". E que os "sindicatos e as organizações da sociedade civil deviam ser parceiros na solução" e nunca mais seriam encarados como "inimigos da paz".

Seis anos depois, a maioria das pessoas está apreensiva, com medo do futuro e sem esperança. Fomos surpreendidos pela consciência de que, afinal, o fundo não tem tamanho. A democracia conquistada, com dor e muito sangue, está em perigo. A Justiça está a viver um dos seus mais "dramáticos" momentos. Os pobres estão a ser combatidos. A luta contra a corrupção é uma bandeira de intenções, tendo em conta a magnitude do problema e os nefastos efeitos que causou e continua a causar, e a impunidade é selectiva. É preciso, com urgência, desenhar outro caminho que nos proteja, que verdadeiramente combata a pobreza e encontre mecanismos adequados para defender os Direitos das pessoas.