Com avanços e recuos, vão-se construindo alicerces e fundações com os materiais intelectuais que estão disponíveis. Também são feitas incursões ao mundo animal na tentativa de utilizar os animais que se julgam mais adequados para a contenda. São contadas histórias que parecem lendas e, por isso, aqui vai uma.

Era uma vez uma gazela, um galo e uma pomba. A pomba, tranquila, confiante e sonhadora, teve as suas asas quebradas e não chegou sequer a levantar voo. Atabalhoada, esvoaçou meia dúzia de metros e são poucos os que sabem do destino da mesma. E isso não foi acontecimento de agora, mas, sim, de há quase 30 anos. Foi uma espécie de falsa partida sem direito a repetição. Não se chegou bem a perceber se era pomba ou pombo. Claro que, com a promessa da paridade do género, faz mais sentido que fosse uma pomba. Mas, isso não interessa, pois o final foi mesmo infeliz. Sem asas, não houve voo, embora tenha havido alegria de uns por este infausto acontecimento.

O galo também quis abraçar a era das mudanças e apagar o contexto pejorativo ao qual está preso devido à sua penugem. Já foi tão famoso que deu lugar a uma estação de rádio. Todavia, parece que o galo afinal era galinha, estando esta prestes a virar cabidela azeda. Por causa das questões raciais, não convém discorrer sobre a cor do bicho. Sabe-se bem sabido que era um galo com crista vermelha e que cantarolava sempre reclamando espaço.

A gazela estava saltitante e radiante, dando sempre pulos maiores que a perna, mas podia, pois acreditava que seria sempre assim. Apesar dos altos pulos, havia sempre capim a amparar a queda. Lá do alto dos seus saltos, perdia a perspectiva do que se passava cá em baixo. Consta que talvez não vá muito longe, pois, de tanto colocar a pata na poça, ou melhor, no laço, pode ser que tropece. Essa armadilha incomoda, prende e atrasa o tal passo maior que a perna. Há dias mais complicados, em que aparece ofegante do esforço e noutros consegue atravessar rios sem se molhar. Vai continuar a correr esquivando também fogo amigo.

A expectativa é de quem vai entrar na arca e quem vai ganhar. Talvez todos! Ou será que ganhará o cágado que lá foi posto ou o cabrito que come onde está amarrado? Não se sabe ao certo, uma vez que as sondagens estão a contar várias histórias. E é nessas histórias que há muita conversa para boi dormir.