No quartel general da Forças Armadas Angolas (FAA), o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Furtado, disse que o triste acontecimento que ocorreu no dia 27 de Maio de 1977 jamais poderá repetir-se em Angola.
"O que aconteceu no 27 de Maio nunca mais poderá acontecer em Angola", disse Francisco Furtado, que destacou a colaboração das famílias neste processo.
Referiu que a Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) vai continuar a trabalhar para dar tratamento igual a todas as vítimas de 27 de Maio.
Destacou a iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, que, em nome do Governo angolano, pediu desculpas às famílias sobre o sucedido.
Refira-se que o 27 de Maio foi um acontecimento sangrento que teve lugar em 1977, após um alegado golpe falhado contra o primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, que resultou em milhares de mortos durante o combate ao chamado "fracionismo" dentro do MPLA.
Em Abril de 2019, o Presidente, João Lourenço, ordenou a criação de uma comissão para elaborar um plano geral de homenagem às vítimas dos conflitos políticos que ocorreram em Angola entre 11 de novembro de 1975, ano da independência de Angola, e 04 de Abril de 2002, data que simboliza o fim de décadas de guerra no País.
O Plano de Reconciliação em Memória às Vítima de Conflitos Políticos prevê a emissão de certidão de óbito, a entrega dos restos mortais às famílias e a construção de um memorial único para todas as vítimas dos conflitos políticos registados no País.
Em 2021, nas vésperas de se assinalar a data do alegado golpe de Estado, a primeira vez em que foi feita uma homenagem às vítimas do evento e de outros conflitos políticos, João Lourenço pediu desculpas públicas em nome do Estado angolano pelas execuções sumárias levadas a cabo após o 27 de maio de 1977, salientando que era "um sincero arrependimento".
"Não é hora de nos apontarmos o dedo procurando os culpados. Importa que cada um assuma as suas responsabilidades na parte que lhe cabe. É assim que, imbuídos deste espírito, viemos junto das vítimas dos conflitos e dos angolanos em geral pedir humildemente, em nome do Estado angolano, as nossas desculpas públicas pelo grande mal que foram as execuções sumárias naquela altura e naquelas circunstâncias", disse, então, o Chefe do Estado angolano.