"De visita a Malanje espero o apoio de todos para a mudança que vai acontecer no dia 24. Dirijo uma palavra a todos - governaremos respeitando toda a gente, mesmo aqueles que tiverem outra opção política. É um compromisso do Governo inclusivo e participativo", escreveu Adalberto Costa Júnior na sua página de facebook, antes de partir para a cidade de Malanje onde hoje vai protagonizar um comício popular.

A província de Malanje é uma praça eleitoral "muito forte" do MPLA. Conta-se que o falecido presidente da UNITA, Jonas Savimbi, em 1992, preveniu a população desta província durante a campanha eleitoral, dizendo que o povo de Malanje iria "empurrar o comboio com os dentes", se não votasse no "Galo Negro". Uma memória que a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, convocou na abertura da pré-campanha eleitoral em Malanje este ano.

"O povo de Malanje foi sempre fiel ao MPLA, nunca aceitou, como alguém pretendia, empurrar o comboio com os dentes. Ao contrário, este povo heroico e generoso incorporou a bravura da rainha Nginga Mbandi", disse.

O primeiro secretário provincial da UNITA, Mardanês Calunga, reagiu, desmentindo Luísa Damião e exigindo provas ao MPLA.

"Já desafiei o MPLA: se o doutor Savimbi disse que o malanjino vai empurrar o comboio com os dentes, ponham o discurso do doutor Savimbi na Rádio Malanje, ou na televisão (TPA) e nós vamos pedir desculpas", afirma Calunga, que garante que esta história "é mentira".

A UNITA começou a conquistar popularidade nesta província devido aos claros problemas de sub-desenvolvimento e à incapacidade para gerar oportunidades do Governo local e nacional.

A primeira vez que esteve em Malanje, em 2021, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, defendeu que o Governo angolano deve aprovar um plano de emergência contra malária para reduzir as mortes que afectam essencialmente as pessoas mais vulneráveis desta província.

"Não é aceitável que nós nos mobilizemos para responder ao problema da Covid-19 e não nos mobilizamos para responder ao problema da malária, não é aceitável. Morre muita gente, muita gente, as estatísticas estão escondidas", disse, vendo, pela primeira vez, a sua popularidade a subir nesta província.

O presidente do MPLA, João Lourenço, vai estar também em Malanje esta semana. Na quarta-feira subirá ao púlpito para apresentar as linhas de força do seu programa eleitoral.

A visão do MPLA, para o período 2022-2027, que será apresentada em Malanje, é a de que Angola seja uma referência como um País de paz, moderno e democrático em África, capaz de planear e implementar políticas públicas bem-sucedidas, gerir recursos limitados com eficiência e transparência, assim como prestar serviços de elevada qualidade.

O programa do MPLA a ser apresentado em Malanje defende a reorganização e dinamização das instituições públicas, melhorar a governação e a regulamentação nos organismos da administração directa e indirecta, independente e autónoma.

Defende, entre outros aspectos, a estimulação e a participação dos cidadãos nas políticas públicas, reforçando a transparência e o escrutínio, assim como um maior envolvimento dos angolanos nos processos de tomada de decisão.

Estão autorizados a concorrer às eleições gerais de 24 de Agosto os partidos MPLA, UNITA, PRS, FNLA, APN, PHA e P-NJANGO e a coligação CASA-CE.

Do total de 14,399 milhões de eleitores esperados nas urnas, 22.560 são da diáspora, distribuídos por 25 cidades de 12 países de África, Europa e América. A votação no exterior terá lugar em países como a África do Sul (Pretória, Cidade do Cabo e Joanesburgo), a Namíbia (Windhoek, Oshakati e Rundu) e a República Democrática do Congo (Kinshasa, Lubumbashi e Matadi). Ainda no continente africano, poderão votar os angolanos residentes no Congo (Brazzaville, Dolisie e Ponta Negra) e na Zâmbia (Lusaka, Mongu, Solwezi).