De acordo com um comunicado a que o Novo Jornal teve acesso esta semana, ao publicar os dois volumes da obra, Carlos Pacheco pretendeu, "segundo a sua concepção, escrever uma "biografia" daquele que foi o Presidente do MPLA (1962 - 1979) e o primeiro Presidente da República do nosso país (1975- 1979) e, muito justamente, considerado o fundador da Pátria".
A Fundação Agostinho Neto, que em reacção considerou a obra "um verdadeiro assassinato da memória" do seu patrono, informa no comunicado que, "devidamente analisada e escalpelizada a obra, conclui-se que a mesma apresenta um grande conjunto de afirmações sem qualquer suporte fáctico, pelo que não se trata de um trabalho historiográfico, mas de um conjunto de acusações e de opiniões sem fundamento em qualquer documento ou prova de outro tipo".
Carlos Pacheco, que no processo será arguido, teria sido, segundo a fundação, "movido por uma visão subjectiva e claramente deturpada da realidade histórica, não se coibindo, em vários passos, de propalar tais supostos "factos", assumindo que não está seguro dos mesmos", contrariando, prossegue, as mais elementares regras de investigação científica em História.
"As afirmações inverídicas do referido autor são objectiva e subjectivamente ofensivas do bem jurídico protegido pela incriminação do já citado art. 185.º do Código Penal luso, como se demonstra de forma cabal na queixa", refere o comunicado.
Num artigo de opinião publicado no jornal português Público, intitulado "Um livro no banco dos réus: triste espectáculo do MPLA", Carlos Pacheco afirmou, em resposta às críticas à sua obra, que o MPLA, "que se alçou em armas contra a "intrusão intolerável" do colonizador para defender os direitos pátrios dos angolanos, pouco se distingue do inimigo colonialista que combateu".