"África apresenta-se como um espaço privilegiado de oportunidades de investimento e crescimento.Ao longo da última década, assistimos a profundas transformações económicas em várias regiões africanas", referiu João Lourenço, na abertura 17ª edição da Cimeira EUA-África, que teve início no domingo, 22, em Luanda.
Segundo João Lourenço, reformas estruturais têm sido implementadas para tornar os países africanos mais atractivos ao investimento, com foco na transparência, na integração regional, na estabilidade macroeconómica e na diversificação das economias.
"O que está a acontecer em países como Angola, onde a economia voltou a crescer de forma consistente a uma taxa de 3,5% no primeiro trimestre deste ano, é reflexo de uma tendência mais ampla no continente, que se reflecte na afirmação da resiliência e dinamismo económico dos nossos países", frisou.
João Lourenço defendeu que para desbloquear plenamente o potencial, deve-se intensificar e acelerar ainda mais os processos em curso de integração económica continental.
"Precisamos de corredores logísticos mais funcionais, regras comuns que facilitem a mobilidade de capitais, mercadorias e pessoas.
O fortalecimento da Zona de Comércio Livre Continental Africana é, por isso, uma prioridade estratégica e "representa uma extraordinária oportunidade para a partilha de infra-estruturas, conhecimento, mercados e atracção de investimento", apontou.
"Para torná-la uma realidade e garantir o desenvolvimento económico e social de África, o continente vem lutando por conseguir junto das instituições financeiras internacionais como o Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, de outras congéneres e da banca, condições mais justas e favoráveis de financiamento e crédito para o necessário investimento público em infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias, de energia e água, de tecnologias de informação e comunicações", referiu.
Na opinião do Presidente da União Africana, os laços económicos entre África e os Estados Unidos da América têm potencial para crescer "de forma significativa".
"As oportunidades de investimento privado directo estão em áreas-chave que correspondem tanto às prioridades do continente como às vantagens comparativas das empresas norte-americanas, nas quais destacamos as energias renováveis, a agroindústria e a segurança alimentar, perante uma disponibilidade de milhões de hectares de terras aráveis, abundância de recursos hídricos, bom clima, grande oferta de mão de obra jovem e uma necessidade crescente de modernização tecnológica e das tecnologias digitais, onde a inovação africana se cruza com a capacidade de investimento americana para criar soluções escaláveis", expôs.
Para João Lourenço, este fórum deve ser visto como uma peça importante nas relações económicas entre África e os Estados Unidos da América.
"África já não é apenas um continente de grande potencial de riqueza mineral, de recursos hídricos e florestais, de crescimento demográfico inigualável, é cada vez mais um continente de decisões transformadoras e projectos concretos", adiantou.
"Pretendemos e estamos a trabalhar para electrificar, e, consequentemente, industrializar os nossos países, acrescentando valor às nossas matérias-primas, aumentando a oferta de postos de trabalho, para evitar o êxodo dos nossos jovens que constituem o nosso maior activo, fazerem a perigosa e humilhante travessia pelo Mediterrâneo com destino à Europa e outros lugares na busca de emprego e condições de vida", referiu.
"Com mais de 70% da população africana abaixo dos 30 anos, não é exagerado dizer que o futuro da inovação global terá também a impressão africana, o que de alguma forma já vem acontecendo", disse.
Segundo João Lourenço, num mundo marcado por instabilidades geopolíticas persistentes do Leste Europeu ao Médio Oriente, o continente africano, apesar de algumas bolsas localizadas de conflitos armados ou de tensão política, afirma-se como um parceiro de estabilidade e visão de longo prazo.
"As conjunturas externas reforçam ainda mais a urgência de aprofundarmos os nossos laços de confiança, cooperação económica e segurança estratégica, onde o papel dos Estados Unidos da América é incontornável, por terem um papel único à escala global", adiantou.
Na sua opinião, ao longo das últimas décadas, a presença americana em África tem evoluído, passando de uma presença marcada sobretudo por assistência, para uma presença cada vez mais orientada para o investimento privado, inovação e construção de parcerias robustas.
"No entanto, gostaríamos que o investimento privado directo americano no nosso continente não se limitasse apenas à extracção de recursos minerais convencionais e raros, ao sector energético do petróleo e gás, mas que se interessasse também por outro tipo de indústrias transformadoras, pela indústria do ferro e do aço, do alumínio, do cimento, da agropecuária, da indústria naval, do automóvel e do turismo", adiantou.
Disse que empresas americanas que hoje operam em África, incluindo em Angola, encontram um ambiente de negócios cada vez mais aberto, que protege o investidor privado estrangeiro, com governos empenhados em facilitar, desburocratizar e criar as condições para que seja o sector privado a liderar a economia.