O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Táxis Personalizados e Parceiros (STATEPP), a Associação dos Táxis Personalizados de Angola (ASTPA) e a Associação de Motoristas de Aplicações (AMA) asseguram que vão paralisar a actividade para mostraram às empresas proprietárias dos aplicativos o seus descontentamento quanto às taxas exigidas e aos preços baixos das corridas.

Segundo estas organizações, o principal problema está nos preços, que consideram muito baixos nos aplicativos que trabalham, com realce para a empresa YANGO, que agrega o maior número de clientes e onde uma corrida inicial ronda os 450 kwanzas.

Estas organizações referem que a classe de táxis por aplicativo não foi abrangida pela subvenção do preço da gasolina, e por isso encontram muitas dificuldades para conseguir atingir o valor semanal ou mensal que muitas empresas ou patrões estão a exigir.

Mandanje Francisco, o secretário-geral da ASTPA, contou ao Novo Jornal que os motoristas das empresas YANGO, HEETCH, UGO e T'LEVA são os que mais saem prejudicados no final das contas e explica: "Há empresas ou patrões que exigem o valor semanal de 100 mil a 180 mil kwanzas, que é quase impossível de conseguir. E se se conseguir, é com um desgaste físico maior" contou.

Segundo este responsável da Associação dos Táxis Personalizados de Angola, há uma disparidade abismal na corrida do preço inicial nas proprietárias dos aplicativos de táxi que variam entre os 450 e os 1.000 kz.

"Os táxis personalizados carecem urgentemente de uma uniformização nos preços para não haver concorrência desleal. Todos tinham de ter um preço uniformizado inicial de 1.000 kz para evitar que os motoristas viajem mais de um quilómetro por 400 ou 700 kz. Não se admite um táxi personalizado fazer corridas por 450 kz. Temos motoristas que percorrem 15 quilómetros e recebem 1.500 a 2.000 Kz", lamentou.

Segundo as associações, os proprietários dos aplicativos cobram uma comissão muito alta, que varia de 13 a 15 por cento, mais 14 por cento de Imposto do Valor Acrescentado (IVA).

Conforme estes motoristas, as empresas dos táxis personalizados não se responsabilizam por acidentes, assaltos ou raptos.

Entre as várias preocupações destes profissionais estão os baixos preços das corridas longas, o cancelamento abusivo dos clientes, após pedirem a corrida, a falta de segurança dos próprios motoristas e o tempo de espera do cliente.

Entretanto, propõe às empresas responsáveis pelos aplicativos que reajustem os preços da corrida inicial para os 1.000 kz e que reduzam a conta semanal de 100 a 180 mil, para 80 a 90 mil kwanzas.

Também sugerem, entre outras coisas, que se fixe uma taxa para os clientes que cancelarem a corrida depois de o motorista chegar ao local, e que se faça a redução para 10 por cento da taxa do aplicativo.

Uma outra grande preocupação dos motoristas dos táxis personalizados tem a ver com os assaltos e os raptos durante as viagens que efectuam.

Em declarações ao Novo Jornal, as associações queixam-se que os motoristas não são protegidos pelas empresas responsáveis pelos aplicativos de táxis.

Josina Delegado, a secretária-geral da Associação de Motoristas de Aplicações, disse ser importantes as empresas cadastrarem, rigorosamente, os clientes, para garantir segurança aos condutores.

"As empresas devem exigir a cópia do Bilhete de Identidade (BI) dos clientes e o nome do registo para ser fácil identificar em caso de suspeita nos assaltos e raptos", contou.

Conforme Josina Delegado, da AMA, tem havido muitos assaltos e raptos aos motoristas dos táxis personalizados, mas as empresas não conseguem passar os verdadeiros dados dos passageiros.

"Mas, no percurso está lá. Ele fez o cadastramento no aplicativo, mas apenas dá um nome qualquer e foi aceite. O que para nós está errado", contou, assegurando "não é admissível um passageiro ter no aplicativo o nome de 007, Bad B, Ninja Pequeno, etc...".

Segundo a AMA, os motoristas são obrigados pelo aplicativo a fazerem a cada dois dias a actualização dos seus dados e da viatura, e querem que aos clientes seja feito também um registo rigoroso.

As três organizações do sector dos táxis personalizado asseguram terem já remetido às empresas que operam, assim como às entidades do Estado, no mês passado, um caderno reivindicativo a espelhar os problemas e as possíveis soluções, mas apenas uma delas, neste caso a YANGO, os chamou para os ouvir.

Entretanto, uma fonte da empresa YANGO, que falou sobre anonimato, assegurou que os preços baixos que a empresa aplica fazem parte da sua política de mercado e não prevêem qualquer aumento agora.

"Somos líderes de mercado por conta do preço que praticamos, atendendo ao custo de vida das famílias. Não temos intenção de fazer subir preços", concluiu a fonte da YANGO.

No mês de Maio, em declarações à imprensa, Álvaro de Veciana, director da HEETCH, disse ser importante que empresas actuem com as mesmas regras e fundamental que a lei obrigue que os operadores a ter mecanismos fortes de rastreio dos motoristas no exercício da actividade.

O responsável da empresa, que nasceu em França e entrou em Angola em Novembro de 2020, espera que a regulamentação, por mais que seja inspirada em mercados de referência, seja capaz de adaptar-se à realidade angolana.

Serviço de táxi por aplicativo ainda não está legalizado no País, mas Executivo diz estar a trabalhar para a legalização

O serviço de táxi por aplicativo móvel, que tem registado crescimento nos últimos tempos, sobretudo em Luanda, ainda não está legalizado no País. Quem o diz é o Ministério dos Transportes, que garante estar a trabalhar para o licenciamento da actividade para, nomeadamente, estancar o crescendo de crimes cometidos no interior de viaturas.

Estas afirmações foram feitas no passado mês de Maio, e, segundo o Executivo, o documento está a ser trabalhado internamente com estudos comparados e consultas a órgãos reguladores de outros mercados que já têm o serviço regulado.

Segundo o secretário de Estado dos Transportes Terrestres, Jorge Bengui, as regras que virão, tão logo o diploma seja aprovado, serão para criar condições para garantir a segurança dos passageiros.

Conforme o secretário de Estado dos Transportes Terrestres, a falta da legalização desta actividade tem permitido brechas para que os criminosos se aproveitem da situação e "façam das suas".

"Estamos a receber reclamações de que alguns prestadores destes serviços praticam crimes, fazendo-se passar por taxistas de viaturas em serviço de táxi por aplicativo. A falta da formalização desta actividade oferece espaço e margem de manobra para aqueles que usam as viaturas para cometerem crimes", contou.

O secretário de Estado assegurou que quando a actividade for formalizada, os aplicativos dos táxis em serviço serão disponibilizados à Polícia Nacional através do Centro Integrado de Segurança Pública (CISP).