São vacinas produzidas na Índia sob autorização da farmacêutica AstraZeneca e da Universidade de Oxford e constituem um primeiro lote de pelo menos 12 milhões de vacinas ao abrigo do sistema Covax, disse ainda Franco Mufinda.

Este lote de 624 mil doses, que chegou num voo da Emirates, perto das 12:40 de terça-feira, 02 de Março, é uma parcela das 12,8 milhões que Angola vai receber ao abrigo do sistema Covax, suficientes para imunizar pelo menos 20% da população angolana, que é de cerca de 30 milhões de pessoas, sendo que esta vacina é constituída por duas doses, representando assim 6,4 milhões de pessoas.

Entretanto, foi igualmente anunciado que Angola já deu início ao processo de aquisição de 12 milhões de vacinas russas, a Sputnik V, suficientes para vacinar mais 6 milhões de pessoas.

O processo de distribuição global via sistema Covax, que é uma plataforma liderada pela GAVI, um organismo internacional de garantia de acesso às vacinas para os países menos favorecidos economicamente, que agrega empresas privadas, países e a Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras agências das Nações Unidas, como o UNICEF, foi iniciado em África na semana passada, no Gana e depois na Costa do Marfim.

Angola é o terceiro país africano, o primeiro da África Austral e o primeiro entre os países lusófonos, a receber as vacinas contra a Covid-19 provenientes do sistema Covax.

A logística para a distribuição das vacinas em África está a ser preparada há cerca de um ano pelo UNICEF, aproveitando a estrutura existente de apoio às campanhas de vacinação em África de outras enfermidades, como a pólio, por exemplo.

O anúncio da chegada do primeiro lote de vacinas para a Covid-19 a Angola foi feito pelo secretário de Estado da Saúde Pública, Franco Mufinda, no âmbito de uma jornada de trabalho que teve lugar hoje no Aeroporto 4 de Fevereiro, em Luanda, onde estiveram membros do Executivo, incluindo a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, e representantes das agências das Nações Unidas.

Angola tem, até ao momento, segundo dados de segunda-feira, 01 de Março, 508 mortos e 20.854 casos registados.

Quanto ao continente africano, aquele que tem maior atraso no acesso às vacinas e chega mais tarde às campanhas de vacinação, tem 104.012 óbitos 3.905.936 infecções confirmadas, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).

Plano de vacinação angolano

O plano de vacinação para a Covid-19 angolano, aprovado a 24 de Dezembro, em Conselho de Ministros, dá prioridade ao pessoal hospitalar e pessoas acima dos 40 anos com doenças associadas ou elevada exposição, como vendedores de mercados, motoristas de transportes públicos, moto-taxistas e idade avançada.

Neste plano está ainda estabelecido, na primeira etapa, que as pessoas com mais idade em Angola, acima dos 60 anos, são apenas 2,5% da população, de 30 milhões, muito pouco quando comparado com os países europeu, por exemplo, o que permite considerar pessoas com 40 anos neste processo como de idade "avançada".

De seguida, ainda segundo a ministra da Saúde, serão abrangidos todos aqueles com idades compreendidas entre os 20 e os 39 anos, e depois para a restante população.

As vacinas chegam ao País a custo zero mas os custos nacionais serão de cerca de 10 milhões USD, referentes à logística, estando já em curso a formação de pessoal e na preparação das cadeias de frio.

A par das vacinas da Covax,e das que vão chegar da Rússia, há ainda uns milhares de doses, não especificados, que deverão chegar a Angola via Portugal cujo Governo já anunciou que pelo menos 5% das vacinas adquiridas por aquele país serão redistribuídas pelos parceiros africanos de língua portuguesa, Angola, Cabo Verde, São Tomé, Moçambique, Guiné-Bissau e Guiné Equatorial - e Timor Leste.

A OMS-Angola sublinhou, entretanto, o forte sinal de solidariedade que representa a chegada destas vacinas ao País, sublinhando que permitem um regresso das condições para a recuperação económica.

Djamila Cabral, a representante da OMS em Angola considerou, em nota enviada aos media, tratar-se de uma luz ao fundo do túnel e manifestou a vontade de continuar a trabalhar em conjunto com as autoridades nacionais para "reforçar as medidas preventivas de saúde pública contra a Covid-19".