As 124 escolas comunitárias espalhadas pelo País formaram, nos últimos 16 anos, 45.733 alunos do ensino primário. De 2005 a 2021, esses estabelecimentos, conhecidos vulgarmente como «explicações», alfabetizaram, igualmente, 415 adultos. Os dados constam de um relatório da Associação das Escolas Comunitárias (AEC) divulgado na semana passada, durante uma conferência nacional sobre este segmento educacional.

Em contrapartida, realizado em Luanda, sob a direcção da AEC, em parceria com o Ministério da Educação (MED), analisou-se o contributo das escolas comunitárias e o papel social dos professores voluntários na erradicação do analfabetismo e no combate à pobreza nas áreas mais vulneráveis.

A funcionarem em espaços improvisados e/ou oferecidos pelas comunidades, com carência de carteiras para acomodar os alunos, o número de salas de aula das «explicações, segundo dados da AEC, já atingiu os 625, num universo de 868 docentes, da primária ao ensino de adultos.

O relatório informa que, nos últimos três anos lectivos, o projecto de intervenção nas comunidades mais recônditas ensinou a ler e a escrever pelo menos 8.855 alunos no ciclo ensino primário e alfabetizou 1.540 adultos com atraso escolar. Com o objectivo de auxiliar o MED na diminuição do elevado número de pessoas com idade escolar fora do sistema de ensino, a AEC desenvolve quatro projectos nas zonas suburbanas e rurais. Por exemplo, o projecto Educação Chave do Futuro consiste na criação de centros alternativos de ensino para a inserção de crianças e adultos no sistema de educação e ensino. Já o projecto Ensinar é Saber Aprender assenta na capacitação de membros da comunidade e professores, com vista a produzir estratégias pedagógicas que facilitem o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. Há ainda o Mulher na Escola para Melhor Educar, iniciativa que promove conhecimentos e habilidades para as mulheres lidarem com o contexto adverso, incutindo-lhes a importância da escola na educação dos filhos. O quarto e último projecto denomina-se Uma pessoa, uma Identidade e visa advogar junto do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos para a atribuição do registo de nascimento à criança que não possua, por exemplo, cédula pessoal.