"Novas provas condenatórias foram apresentadas no Tribunal Superior de Londres, revelando uma conspiração de grande alcance engendrada pelo governo do Presidente angolano João Lourenço, para usurpar ilegalmente os bens da empresária Isabel dos Santos", avança uma nota de imprensa enviada às redacções em seu nome.

A assessoria de imprensa da filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que desde Dezembro de 2019 está sob investigação na PGR angolana, tendo visto, no mês seguinte, em Janeiro de 2020, o seu nome envolvido no caso "Luanda Leks", onde 715 mil ficheiros pirateados expõem alegados esquemas ilegais para se apoderar de meios e bens do Estado angolano, anuncia ainda neste comunicado que o tribunal londrino recebeu gravações áudio e vídeo" que "revelam a conspiração do governo angolano para apreender ilegalmente" os seus bens e destruir o seu império empresarial.

Recorde-se que a PGR angolana aponta como estando em dívida de Isabel dos Santos para com o erário público mais de 5 mil milhões USD, tendo pedido a colaboração internacional para perseguir a recuperação destes activos, o que levou, por exemplo, a que em Portugal, país onde a empresária fez mais investimentos em aquisições empresariais, as suas contas e bens fossem congelados e "recuperados".

Nesta comunicação, Isabel dos Santos apresenta ainda uma sucessão de alegadas provas das acusações que faz, em apêndice distintos, onde pretende clarificar que "as provas" apontam no sentido de que o caso Luanda Leaks resultou da obtenção "ilegal", manipulação e utilização de elementos que integram "uma ampla estratégia de apropriação de activos concebida pela administração de João Lourenço".

Essa estratégia visou ainda "acusar, difamar e isolar ilegalmente Isabel dos Santos, permitindo assim ao Estado angolano confiscar ilegitimamente os seus bens".

A empresária faz saber que "as novas provas (alegadamente encontradas por uma empresa especializada, a Black Cube, neste tipo de investigações, com sede em Londres e criada por antigos espiões israelitas - foram apresentadas ao Tribunal Superior de Londres no âmbito de um processo em curso contra a Unitel International Holdings (UIH), de Isabel dos Santos, apresentado pela empresa angolana de telecomunicações Unitel, para pedir o reembolso dos empréstimos que fez à UIH em 2012 e 2013.

O texto enuncia que as provas consistem em "dezenas de horas de gravações áudio e vídeo" onde, diz que "antigos altos funcionários e conselheiros do governo angolano" revelam dados sobre a alegada conspiração que consistiu em "lançar uma série de ataques coordenados a Isabel dos Santos" com o objectivo de "apreender os seus bens", envolvendo a Justiça angolana.

Este "contra-ataque" de Isabel dos Santos já está a ser divulgado em grande parte da imprensa internacional, como, entre os vários exemplos, o Finantial Times.

Neste comunicado é ainda citada a assessora jurídica da empresária, Michelle Duncan, que afirma que se trata de "provas perturbadoras".

"As provas apresentadas ao Tribunal são tão condenáveis quanto perturbadoras. Deixa claro que o processo movido contra a UIH pela Unitel no Supremo Tribunal de Londres é apenas um elemento de uma campanha maliciosa e de longo alcance do governo angolano para apreender ilegalmente os bens de Isabel dos Santos".

Esta avança ainda que as gravações vídeo e áudio deixam evidente que a "conspiração" foi sustentada em técnicas ilegais ao longo de "vários anos" de forma a "enquadrar, difamar e isolar ilicitamente Isabel dos Santos, permitindo ao Estado angolano confiscar ilegitimamente os seus bens".

"As provas serão analisadas por um juiz no devido tempo", conclui a assessora legal de Isabel dos Santos.