O prazo para que os comerciantes abandonassem o recinto terminava nesta quinta-feira, 03, mas a CACL deu uma moratória aos vendedores e decidiu encerrar o mercado apenas na próxima sexta-feira, dia 11.

Segundo as autoridades, o mercado vai ser encerrado temporariamente, durante três meses, para obras de melhoramento.

A presidente da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda, Maria Antónia Nelumba, disse à imprensa que os vendedores da parte frontal do mercado também serão transferidos.

Conforme a presidente da CACL, esta zona irá sofrer uma profunda transformação estrutural com a sua requalificação.

A Comissão Administrativa da Cidade de Luanda esclarece que será construído um espaço, na parte da frente ao mercado, que deverá abarcar 170 lojas para a venda de roupas e outros bens afins.

Entretanto, a CACL informou que mais de mil bancadas serão destinadas exclusivamente para bens alimentares do campo e industriais.

"O mercado será contemplado ainda com uma agência bancária, uma creche, uma escola para as vendedoras e outros serviços de apoio ao mercado", garantiu a responsável, assegurando que se "pretende com a requalificação proporcionar tanto aos vendedores quanto aos clientes, maior comodidade".

Vendedores dizem que o novo espaço não tem condições e temem não mais voltar no final da obra do mercado

Ao Novo Jornal vários vendedores disseram que o novo espaço, para onde serão transferidos, não tem condições para venderem porque é ao ar livre, sem casas de banhos e sem segurança.

"Não queremos ir para os congolenses naquelas condições. Aqui vendemos na sombra e lá é no sol", contam as vendedoras.

Domingas Simão, que vende no São Paulo há 17 anos, disse que não é justo serem transferidas para um local sem as mínimas condições.

"Sem criarem às condições não sairemos. Vamos permanecer aqui porque não somos animais para nos fazerem isso", desabafou.

Fernandes Samuel, também comerciante, contou que teme não mais voltar tão logo as obras no mercado estiverem concluídas.

"Será que vamos mesmo voltar a vender no São Paulo novo? Ou vão colocar novos comerciantes visto que a procura será maior?", interroga-se o vendedor.

Sobre este assunto o Novo Jornal tentou sem sucesso ouvir a administração do mercado.

Mas uma fonte da administração do mercado informou que perto de 1.900 vendedores foram cadastrados para serem transferidos para a zona do Rangel.

De recordar que em Novembro do ano passado, o Presidente da República autorizou, em decreto presidencial, 2, 3 milhões kwanzas para reabilitação e ampliação do mercado do São Paulo, que surgiu no início da década de 70.

Reza a história que o mercado sucedeu ao mítico mercado do Chamavo que, segundo populares, desapareceu depois de uma chuva torrencial.

Em 1992 o mercado foi inaugurado oficialmente pelo antigo Presidente da República José Eduardo dos Santos.