Uma equipa multinacional, liderada pelo investigador português Miguel Prudêncio, que conta ainda com, entre outros cientistas, Robert Sauerwein do Radboud University Medical Center, que integra a Universidade Radboud, de Nijmegen, e Perry van Genderen do Erasmus MC (UMC Roterdam), ambas na Holanda, acaba de anunciar que a fase de testes por que passou esta potencial vacina, denominada PbVac, resultou na conclusão de que os elementos do estudo obtiveram uma protecção de 95%.

Em comunicado, o IMM de Lisboa informa que os 24 indivíduos a quem foi administrada esta vacina não ficaram "totalmente protegidos contra a doença" mas os resultados mostraram "uma redução muito significativa de 95% na infecção hepática dos voluntários imunizados em relação aos indivíduos controlo, não imunizados".

A malária é uma doença infecciosa provocada por um parasita, o plasmodium, um protozoário, que chega aos humanos através de um vector, o mosquito fêmea da espécie anófeles, sendo o plasmodium falciparum normalmente tido como o mais perigoso dos cinco tipos existentes.

"Este estudo abre caminho para desenvolvimentos adicionais da vacina PbVac e similares, no sentido do desenvolvimento de uma estratégia de vacinação eficaz contra a malária humana", avança ainda esta nota do IMM.

O investigador português que liderou a equipa, Miguel Prudêncio, avança nesta nota que o estudo agora concluído permite a "validação clínica" para a nova abordagem de vacinação contra a malária (paludismo), abrindo "possibilidades para a sua optimização no sentido da criação de uma vacina eficaz contra a malária".

O que esta vacina tem de inovador - existem dezenas de laboratórios a tentar obter este tipo de resposta para esta doença, ou outras, além dos actuais já bem conhecidos antipalúdicos, que podem ser igualmente eficazes - é que, como o investigador explica, foi usado um parasita que infecta roedores, denominado Plasmodium berghei, e que não causa patologia nas pessoas, mas foi geneticamente alterado para ficar semelhante ao plasmodium falciparum, que infecta humanos.

Este composto vai incidir sobre a presença do plasmodium no fígado humano, uma das etapas essenciais para o seu desenvolvimento.

E é nesse estádio de evolução do parasita que a PbVac se mostou segura e bem tolerada, alcançando uma redução de 95% na infecção hepática por P. falciparum.