Na China estão registados pelos serviços consulares angolanos cerca de 500 pessoas, entre esta dezenas de estudantes dispersos por várias províncias, com cerca de 50 fixados na província de Hubei, cuja capital é a cidade de Wuhan, que é o epicentro desta epidemia que se está a transformar numa pandemia.

Até ao momento já morreram mais de 130 pessoas, entre cerca de 4.000 contaminações registadas oficialmente, avançaram já hoje as autoridades chinesas nas actualizações que fazem várias vezes ao dia.

Dos Estados Unidos à Tailândia, de França à Coreia do Sul, passando pela Alemanha, Austrália, Reino Unido, pelo menos uma dezena de países já integram o "mapa" para onde o vírus de Wuhan já se deslocou.

Este vírus é do tipo coronavírus, que se distinguem dos demais pela sua acção no sistema respiratório, podendo causar graves pneumonias e existe o risco de evoluir para uma elevada taxa de letalidade, como aconteceu com a pandemia de SARS, que também começou na China em 2002, ou ainda a de MERS (Médio Oriente) em 2012.

Face às dificuldades em encontrar comida na cidade de Wuhan, os estudantes angolanos residentes nesta cidade denunciaram a sua situação num vídeo distribuído nas redes sociais onde se queixam da falta de apoio dos serviços da embaixada de Angola e do consulado.

Wuhan é uma cidade com 11 milhões de habitantes e há cerca de duas semanas está sob quarentena, de onde não entra nem sai ninguém sem autorização oficial, como forma de travar a dispersão do vírus.

Nas imagens difundidas pelas televisões, e confirmadas pelos relatos dos estudantes angolanos ali residentes, as prateleiras de comida dos supermercados estão vazias, e existem mesmo casos de fome entre esta população estudantil angolana.

"Partilhem este vídeo sem parar, estamos a passar fome, os chineses estão a lutar por comida, imaginem nós", diz uma jovem em nome do grupo de estudantes angolanos na cidade de Wuhan.

Face a este cenário dramático, onde outros países estão a enviar aviões para recolher os seus cidadãos nacionais ou a procurar juntar esforços com esse objectivo, especialmente aqueles países com poucas dezenas de cidadãos nesta cidade.

"As embaixadas de outros países estão a dar apoio... a nós nada... onde está a nossa embaixada?, onde está o nosso consulado?, apenas recebemos uma mensagem a dizer para fazermos o que os chineses fazem... para seguirmos as regras...", diz ainda a jovem neste vídeo.

"Quando é que nos vão ajudar? Quando morrermos vão querer carregar os nossos corpos...? Se aqui estivesse o filho de uma pessoa importante, já tinham resolvido...", lamenta ainda a mesma estudante.

A resposta da embaixada a esta situação que os estudantes referem como dramática foi emitir um comunicado extenso onde informa que está em comunicação permanente com a comunidade angolana na China, sendo também essa a realidade dos que se encontram na cidade de Wuhan, ou nas outras cidades da província de Hubei igualmente em situação de quarentena total ou parcial.

Sublinha que não tem condições para fazer chegar ajuda aos estudantes que a pediram por causa da quarentena, estando as deslocações limitadas aos meios do Estado chinês, avançando que as outras embaixadas estão nas mesmas condições limitadas, apesar de os países europeus EUA e Canadá já estarem a retirar os seus cidadãos de Wuhan.

No entanto, a embaixada de Angola em Pequim criou, segundo este mesmo comunicado, uma equipa de prontidão permanente, liderada pelo embaixador João Neto, que acompanha ao minuto esta situação, tendo sido contactados os estudantes nas zonas de maior exposição, incluindo os de Wuhan.