A ideia de uma moeda única africana, que foi, a par do reforço político da União Africana, uma das grandes causas do antigo líder líbio Muammar Kadhafi antes de ter sido deposto e assassinado em 2011, e que alguns analistas admitem ter sido a razão de fundo dos ataques de países ocidentais, nomeadamente a França e os EUA, é agora recuperada por países como o Quénia e o Senegal, aos quais se juntam a Mauritânia e a Simália.

Por detrás deste regresso a esse antigo desígnio, que foi relançado em Washington no Sábado, esteve uma discussão na sede do FMI e do Banco Mundial sobre o Acordo de Livre Comércio Continental Africano (AfCFTA, na sigla em inglês).

Os responsáveis pelos respectivos bancos centrais colocaram, segundo as agências noticiosas, como razão para o relançamento deste desígnio de criar uma sólida união monetária pan-africana como forma de aprofundar e consolidar o comércio no continente.

Embora isso tenha sido dito com a salvaguarda de fasear o processo de forma a que as economias mais fragilizadas possam preparar-se para este desafio que exige uma convergência económica com conhecidos obstáculos a que o continente terá de dar resposta, nomeadamente a inclusão dos distintos sistemas financeiros que existem hoje, como, por exemplo, os grupos de países com moeda comum, como é o caso da África Ocidental, onde vinga o franco CFA.

A mais citada vantagem de caminhar neste sentido é que isso permitiria converter as mais de 40 moedas que circulam no continente sem ser necessário recorrer ao dólar norte-americano ou à moeda única europeia, o Euro.

Num cenário em que esta ideia é concretizada, defendem, África teria o caminho mais facilitado, mesmo que a complexidade seja clara e exigente para as lideranças continentais, para, gradualmente, deixar de ser uma geografia dependente da exportação de matérias-primas para passar a ser destino final do investimento internacional.

Desenvolver economicamente o continente, criar mais e melhores infra-estruturas, melhorar a formação dos cidadãos, criar programas especializados de formação profissional entro dos sistemas financeiros e a criação de uma moderna mentalidade empresarial, são alguns dos sectores que os líderes preponentes da recuperação desta ideia antiga para África admitem terem de ser olhados de forma diferente.

Como pano de fundo para este novo cenário está a necessidade já admitida por todos de que o comércio entre estados africanos tem de crescer, sendo disso exemplo o facto de as grandes economias do continente terem mais negócios com países europeus, EUA e a China (Ásia) que com os seus vizinhos, que as convulsões mundiais - guerra comercial EUA-China - exigem cuidados especiais para lidar com o problema e ainda a urgência de dar uma resposta ao gigantesco prolema que é o desemprego que consome o continente africano com uma população cada vez mais jovem e exigente mas sem trabalho, porque com mais comércio interno, cresce a produção industrial e agrícola.