O acto de hoje "marca o aumento da capacidade de produção de electricidade no quadro da estratégia do Executivo, reflectida na criação de condições para melhoria dos indicadores económicos e do nível de vida dos cidadãos, podendo ser possível a integração deste activo na Rede Nacional de Electricidade Nacional". A informação foi avançada pela Angop, que cita uma nota de imprensa do Gabinete de Aproveitamento de Médio Kwanza (GAMEK).
Com uma capacidade global de 2 070 megawhatts eléctricos (MWe), o Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca (AHL), localizado no rio Kwanza, na província de Malanje, Laúca, é, em funcionamento pleno, uma das maiores barragens da África Austral, ultrapassando mesmo Cahora Bassa, em Moçambique (1 920 Mw), deixando para trás as outras duas grandes barragens nacionais, Cambambe e Capanda, esta última com limite de produção nos 520 mw.
Paralelamente aos benefícios associados à produção de electricidade nas suas duas centrais, a barragem criou também um grande lago artificial no Médio Kwanza, que contribuiu para a regularização dos caudais naturais, adicionando valor para a exploração do Aproveitamento Hidroeléctrico de Cambambe e para os futuros empreendimentos económicos e sociais a construir na faixa entre Laúca e Cambambe.
Esta barragem, cujo investimento total, estimado em 4,5 mil milhões de dólares, suportado pelo Estado, teve no financiamento brasileiro o impulso decisivo, ainda tremeu depois de ter estado envolvida na complexa teia da corrupção brasileira do processo Lava Jato, que levou o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) a anunciar em Outubro de 2016 que estava suspensa a sua participação em projectos angolanos, entre os quais o da Laúca.
Em 2017, já no Governo de João Lourenço, foram autorizados, em Dezembro, dois acordos de financiamento no valor total de 415 milhões: 150 milhões de dólares financiados pela GEMCORP, um fundo de investimento com sede em Londres e com o foco da sua actividade nos mercados emergentes, 220,5 milhões pelo Standard Chartered Bank (SCB).
Em 2019, o Presidente Lourenço deu luz verde ao Ministério das Finanças para a assinatura de um novo acordo de financiamento entre o Estado Angolano e a Gemcorp, no valor de 400 milhões de dólares, "para a cobertura das despesas incorridas com a implementação do Projecto do Aproveitamento Hidroeléctrico da Laúca".
Este empréstimo, justificado no diploma de 28 de Outubro de 2018 com a "necessidade de se garantir os recursos financeiros para assegurar a implementação do Projecto do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca".
O enchimento paulatino da albufeira estará concluído, de acordo com as informações avançadas pelo Governo, em finais de 2018, altura em que atingirá a quota máxima dos 850 metros, estando a partir deste momento criadas as condições para que o fornecimento de electricidade às principais cidades passe a ser feito sem anomalias.