Numa nota de repúdio, o grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) "repudiou com veemência" a forma como a polícia reprimiu a manifestação pacífica contra a subida dos preços do gasóleo, dos transportes públicos e das propinas, convocada por diversas organizações da sociedade civil, que resultou em "detenções arbitrárias e dezenas de feridos entre os cidadãos" que participaram no protesto.

"O grupo parlamentar da UNITA condena os actos contra a integridade física dos manifestantes, em geral, e dos deputados, em particular, que devidamente identificados e em solidariedade às justas reivindicações dos cidadãos, estiveram presentes", sublinha-se na nota.

De acordo com a UNITA, houve "violência contra o deputado Jeremias Mahula e demais cidadãos feridos, num claro atentado à sua vida, integridade física e dignidade, quando estes se encontravam no pleno exercício dos seus direitos constitucionalmente consagrados".

"O papel da Polícia Nacional, nos termos da Constituição da República de Angola e da lei, é assegurar a ordem pública, garantir a segurança dos cidadãos, das instituições e do património público e privado, e não se permitir instrumentalizar por uma agenda pessoal ou partidária que visa efectivar o Estado autocrático e totalitário", realça-se na nota.

O grupo parlamentar do maior partido da oposição instou as autoridades competentes "a responsabilizarem os autores das agressões ao deputado Mahula e às outras vítimas resultantes da injustificada obstrução da marcha e violência policial contra os manifestantes e a consequente reparação dos danos físicos, morais e materiais".

A presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, afirmou, em Maputo, que aguarda informação oficial sobre os deputados impedidos de participar na manifestação, declarando que são "constitucionalmente protegidas".

"Eu tive conhecimento pelas redes sociais (...) soube também que deputados se manifestaram, estiveram nas manifestações, então eu espero que o meu gabinete receba qualquer informação sobre essa situação para nós podermos analisar com as estruturas competentes", disse Carolina Cerqueira.

Milhares de manifestantes que marchavam do Mercado do São Paulo até ao Largo da Independência, em Luanda, foram impedidos de prosseguir a marcha pela Polícia de Intervenção Rápida (PIR). Os manifestantes tinham como destino o Largo da Maianga, onde a organização pretendia ler o manifesto, constatou o Novo Jornal no local.

Durante a dispersão, algumas pessoas que participavam na manifestação foram detidas, segundo a polícia, por resistência à ordem das autoridades.

A PIR lançou gás lacrimogéneo e efectuou vários disparos para o ar para dispersar a população que contestava o aumento do preço do táxi, que subiu de 200 para 300 kz.