"O que se passa é um trabalho que está em curso já há algum tempo e que visa detectar as redes que estão instaladas e que têm prejudicado o nível da arrecadação das despesas. É um trabalho que vai continuar e que tem que prosseguir na AGT e em todas as instituições que são responsáveis pela gestão dos recursos públicos", disse o governante, citado pela agência Lusa.

Archer Mangueira falava no final da cerimónia de abertura da primeira sessão legislativa da IV Legislatura sobre a recente detenção de funcionários da AGT, incluindo um ex-administrador, por suspeitas de desvios de fundos públicos, através de um esquema de corrupção envolvendo grandes contribuintes.

O ministro das Finanças sublinhou que as diligências na AGT foram desencadeadas por iniciativa da própria instituição, em articulação com o Serviço de Investigação Criminal (SIC), para promover a "moralização" dos serviços.

Segundo apurou o Novo Jornal Online, as manobras de investigação começaram quando a AGT começou a reavaliar as cerca de 550 empresas que pertencem ao grupo de Grandes Contribuintes, no sentido de perceber se as mesmas deveriam permanecer na mesma categoria ou se deveriam ser enquadradas noutra inferior.

No decurso destas diligências, os suspeitos viram neste processo uma oportunidade de negócio, tendo em conta que muitas dessas empresas tinham a situação fiscal por regularizar.

"Um dos grandes problemas que os Grandes Contribuintes apresentam tem sido o cumprimento legal dos prazos de pagamento dos impostos, com alguns a demonstrarem que não têm tal capacidade em honrar os seus compromissos junto da AGT. A partir daí, os supostos acusados foram negociando com os donos das empresas para haver facilidades", explicou ao Novo Jornal Online fonte ligada à investigação criminal.

De acordo com a mesma fonte, os funcionários da AGT entretanto detidos montaram um esquema em que negociaram reduções de dívida em proveito próprio. Os investigadores perceberam, por exemplo, que por cada dívida de 179 milhões de Kwanzas os acusados desviavam 170 milhões para os próprios bolsos, direccionando os restantes nove milhões para o Estado.