Por causa desta opção estratégica, a Lucapa Diamond Company, que gere o Lulo com a concessionária Endima e os privados da Rosa&Pétalas, viu o seu volume de vendas anual cair de forma significativa, atingindo os 49 por cento no último trimestre, anunciou a empresa.

As vendas regrediram para os 5,4 milhões de dólares norte-americanos, o volume de vendas desceu cerca de 4 por cento, para pouco mais de 5 mil quilates e o preço médio por quilate passou para 893 USD.

A produção caiu para pouco mais de 4.500 quilates, incluindo 46 pedras com mais de 10,8 quilates, consideradas de grande valor e que estão entre os lotes que a empresa que gere a mina do Lulo decidiu manter as vendas em "stand by" até que a nova Política de Comercialização de Diamantes esteja totalmente efectivada, como, por exemplo, o abandono da política de clientes preferenciais, que permite às empresas venderem até 60 % da sua produção de forma livre no mercado.

A extinção da condição de clientes preferenciais era considerada uma das anomalias no sector em Angola, o que, segundo a justificação no despacho Presidencial de Junho que a anula, contribuía para que o potencial diamantífero do país não fosse absorvido pela economia nacional porque eram atribuídas condições vantajosas na aquisição de diamantes brutos à Sodiam, que lhes permitiam maiores lucros mas menos rendimento para os cofres do Estado devido ao desconto médio de 30 por cento que conseguiam.

Entre as alterações em curso está a possibilidade de serem realizados "contratos de aquisição regular de diamantes por um período prolongado de tempo", que podem chegar aos três anos.

Vendas do Lulo voltam até ao fim do ano

Face a este cenário, e convictos de que a nova Polícia de Comercialização de Diamantes já estará cabalmente enquadrada com o sector, os australianos da Lucapa admitem que até ao fim deste ano, possam retomar as vendas das suas melhores pedras.

Isto, porque acreditam que, neste período, os associados do Lulo poderão obter rendimentos mais elevados com as vendas a decorrerem já sob a nova legislação.

Recorde-se que a mina do Lulo tem brilhado nos mercados internacionais graças aos diamantes gigantes que ali foram extraídos desde 2016, nomeadamente aquele que é, até hoje, considerado o maior de sempre produzido pela indústria diamantífera angolana, e um dos maiores do mundo, com 404 quilates.

Esta pedra foi comprada pela joalharia de luxo suíça, De Grisogono, da empresária angolana Isabel dos Santos, por cerca de 16 milhões de dólares e foi transformada posteriormente numa jóia rara e de grande valor, que foi vendida pela Christie"s, em Genebra, por 34 milhões de dólares.

Mas a fama foi igualmente erguida a partir de cerca de uma dezena de diamantes com mais de 100 quilates, alguns com mais de 200, tendo dali também saído o 2º e 0 3 maior de sempre encontrados em Angola, ou ainda alguns de cores muito apreciadas pelos mercados.

A fama foi de tal ordem e vigor que a empresa achou por bem adquirir novo equipamento especial para detectar grandes pedras, porque, devido ao tamanho, não eram reconhecidas pelo equipamento que ali existia.

E foi ainda internacionalmente noticiada a estrada de acesso ao couto mineiro, que ficou conhecida pela "estrada dos diamantes" porque foi construído com os escombros da produção onde a Lucapa admitiu poderem estar milhões de dólares em diamantes não detectados no processo de mineração tradicional.

Sublinhável é também o facto de em 2016, o Lulo ter batido o recorde mundial do valor pago por quilate, tendo chegado a uma média de 2.983 USD por quilate, graças à fama dos gigantes que estavam a sair das entranhas da terra no Lulo.