Foi a 02 de Outubro que Khashoggi, reputado jornalista saudita e forte crítico do regime monárquico absolutista do seu país, entrou no consulado de Istambul para tratar de assuntos pessoais mas nunca mais foi visto, gerando imediatas suspeitas de que tinha sido mandado matar pelo Governo de Riade.

A Turquia acusou de imediato a Arábia Saudita de estar, ao mais alto nível, por detrás desta morte e os Estados Unidos ameaçaram a monarquia absoluta da Arábia Saudita com severas represálias se se provasse o seu envolvimento na morte de Jamal Khashoggi.

Salman Al Saud, o monarca saudita, e o príncipe herdeiro, o segundo na linha do poder, Mohammed bin Salman, foram contactados pelo Presidente dos EUA, tendo Donald Trump enviado o secretário de Estado, Mike Pompeo, para Riade - onde está actualmente - com a missão de clarificar se os dirigentes do maior aliado no Golfo e o maior exportador de petróleo do mundo estão ou não envolvidos na morte do jornalista do The Washington Post.

Para já, tudo indica que sim, e as consequências já se fazem sentir. Um dos últimos exemplos disso foi o cancelamento de vários países ocidentais e investidores internacionais da sua participação num fórum sobre investimento na Arábia Saudita, o Reino Unido garantiu tomar medidas drásticas e a União Europeia já mostrou a sua preocupação.

Actualmente, por questões geoestratégicas, os EUA são dos poucos países que mantêm dúvidas oficiais sobre a autoria da morte do jornalista, embora tenham reagido de forma violenta e exigido explicações céleres.

Numa reacção de última hora, também a ONU veio a público pedir respostas rápidas, tendo a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michele Bachelet, emitido um comunicado onde considera o assunto "grave", pedindo à Arábia Saudita e à Turquia para "revelarem tudo o que sabem" sobre este homicídio e que dêem garantias de que "não há mais entraves a uma investigação profunda, célere e transparente".

De acordo com a imprensa turca e norte-americana, forma agentes dos serviços secretos sauditas que mataram Jamal Khashoggi no consulado de Istambul, a 02 de Outubro, quando este ali se dirigiu para formalizar o seu casamento com uma cidadã turca, tendo os assassinos feito desaparecer o seu corpo.

Com o perigo real de um agravamento das relações entre Riade e Washington, o frágil equilíbrio no Médio Oriente e Golfo Pérsico pode estar em risco, tanto no patamar militar como no económico, porque, enquanto grande aliado dos EUA, a Arábia Saudita tem sido o interlocutor da Administração norte-americana com a OPEP para manter o preço do barril de petróleo em níveis aceitáveis ou, pelo menos, com uma subida menos acelerada.

Tanto assim é que a imprensa especializada no sector petrolífero relata hoje, de acordo com fontes do regime de Riade, que estão a ser enviados recados para Washington para a possibilidade de uma resposta contra os EUA se forem decretas sanções contra a Arábia Saudita, por exemplo, com um corte mais vigoroso na produção, levando a novas subidas do preço, totalmente contrárias aos interesses de Donald Trump, que precisa do crude barato face ao período eleitoral intercalar que se avizinha para as câmaras do Congresso.

Face ao cada vez mais evidente isolamento de Riade e da sua monarquia absoluta pelo resto do mundo, com novos protestos a surgirem todos os dias, segundo a CNN, o regime saudita já se mostrou disponível para admitir a morte do jornalista, alegadamente durante um interrogatório mo consulado em Istambul, que correu mal.

Os próximos dias serão decisivos para se perceber o desfecho desta crise que envolve directamente os EUA, a Arábia Saudita e a Turquia.