Isto, apesar de o Presidente dos EUA ter mostrado um moderado optimismo com as negociações que decorrem em Miami, Florida, nos últimos dois dias, onde as delegações russa e ucraniana falam com os enviados de Donald Trump mas não entre si, como a Casa Branca queria.

Trump refere o "muito ódio" que existe entre os Presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky para sublinhar que "é tudo muito difícil" neste processo mas garante que "estão a ser feitos progressos", especialmente na questão territorial...

Onde o Presidente ucraniano, depois dos encontros de Berlim, na Alemanha, com os seus aliados europeus (ver links em baixo), admitiu poder ceder nalguns pontos, embora lembrando sempore que os territórios ocupados pelos russos não podem deixar de ser ucranianos em definitivo, apontando antes para uma cedência parcial e não reconhecida internacionalmente.

Essa a razão principal porque em Moscovo se volta a repetir que existe vontade de negociar mas se recusa, como sucede desde Julho de 2024, ceder uma vírgula nas condições alinhadas pelo Presidente Putin, onde, além de pontos como a não adesão de Kiev à NATO e se recusa qualquer presença militar ocidental na Ucrânia, se destaca a soberania inequívoca da Rússia sobre as regiões anexadas em 2022 - Lugansk e Donetsk (Donbass) e Kherson e Zaporizhia) e 2014 (Crimeia).

Kiev e Moscovo não se recusam a negociar, mas é já evidente que negam qualquer cedência que permita augurar um desfecho neste conflito para breve, mesmo que cumpra em Fevereiro quatro anos desde que s Rússia invadiu a Ucrânia e já dez anos desde a deflagração das hostilidades entre Kiev e as regiões independentistas russófonas e russófilas do Donbass após o golpe de Estado apoiado pelos EUA e União Europeia que destronou o Presidente pró-russo Viktor Yanukovich.

Isto, quando a recente aprovação pela União Europeia de um novo empréstimo de 90 mil milhões de euros para reforço militar de Kiev, o que, em teoria deverá permitir mais dois anos de activa resistência aos avanços russos, que estão notoriamente a ganhar o conflito pela via militar, deixa adivinhar que Zelensky pode estreitar ainda mais a margem negocial.

E do lado russo, onde Putin já disse que os objectivos da Rússia serão "todos atingidos" à mesa das negociações ou pela via militar no terreno, o recado é claro, como avançou o seu porta-voz, Dmitri Peskov, citado pelo britânico The Guardian: "Estamos num processo que se desenrola e que a Rússia aborda de forma meticulosa" sem recusar abordar os assuntos mas com uma clara noção do que quer e vai conseguir, elogiando a mediação norte-americana.

Isto, quando a Rússia mantém um calendário apertado de ataques com misseis e drones sobre todo o território ucraniano, numa barreira incessante de explosões, mas com escassas baixas entre civis, como o próprio Donald Trump admitiu, e Putin disse ser intencional porque o desenho das operações é feito com "cuidado cirúrgico", o que pode ser comparado com a mortandade observada nos bombardeamentos de Israel em Gaza.

E do outro lado, nem de perto nem de longe se baixam os braços, com ataques coordenados e eficazes à infra-estrutura petrolífera russa, aos petroleiros russos e ainda através de operações especiais, como o demonstrou o assassinato de Fanil Sarvarov, um tenente-general chefe da Direcção de Treino Operacional do Estado-Maior das Forças Armadas das Federação Russa.

Com este contexto, facilmente se percebe que a guerra no leste europeu está longe de poder chegar ao fim em breve e 2026 será, seguramente, mais um ano de guerra na Europa, a não ser que aconteça um "milagre" de Natal...