De 78 anos, Ouattara foi o Presidente que conseguiu pacificar a Costa do Marfim depois da incandescente transição do poder em 2011, quando Laurent Gagbo foi forçado a abandonar a chefia do Estado, centrando a sua proposta política na garantia de transição da gestão do país para as gerações mais novas.

Essa promessa de entregar o poder aos mais novos foi literalmente esmagada com esta imposição de um terceiro mandato, chocando de frente com a Constituição do país.

Sem oposição, o Presidente costa-marfinense obteve 94% dos votos entrados em urna, embora sob tremenda suspeita de se tratar de uma eleição irregular devido ao conteúdo constitucional.

Esta crise, mais uma neste mortificado país, surgiu com a morte do então primeiro-ministro, Amadou Coulibali, em Junho deste ano, que era o sucessor escolhido por Ouattara, tendo este forçado a sua recondução no cargo usando para isso um rebuscado argumento de que a Constituição lhe permite um 3º mandato.

Face a esta declaração de vitória, milhares de pessoas deixaram a Costa do Marfim em direcção aos países vizinhos, temendo o regresso da violência às ruas de Abidjan e das restantes grandes cidades deste país que já foi o mais desenvolvido da África Ocidental.

Recorde-se que em 2010, a violência pós-eleitoral gerou mais de 3.000 mortos e milhares de feridos, bem como o caos em grande parte do país.

Para já, os media do país e os correspondentes internacionais apenas relatam a existência de confrontos entre grupos rivais, apoiantes da oposição e de Ouattara, em algumas áreas consideradas como baluartes dos opositores.